“O que aconteceu no morro Fallet-Fogueteiro foi uma ação legítima da PM”, disse Witzel, acompanhado do coronel Rogério Figueiredo, secretário estadual da PM do Rio. “Nossa Polícia Militar agiu para defender o cidadão de bem. Não vamos admitir mais qualquer bandido usando armas de fogo de grosso calibre, fuzil, pistolas, granadas atentando contra a nossa sociedade. Vamos continuar agindo com rigor”, acrescentou.
Na última sexta-feira, agentes da polícia subiram ao morro numa ação contra o tráfico de droga, envolvendo-se, segundo a versão da polícia, em intensos confrontos com os traficantes. No decorrer do tiroteio, 10 jovens ficaram encurralados num prédio e foram mortos no tiroteio. Pouco depois, foram encontrados mais três corpos no morro dos Prazeres, depois de outra operação da Polícia Militar. A imprensa brasileira referiu ainda o aparecimento de outro corpo e o site UOL avança que foram 15 os mortos.
Dois dias depois da ação policial, começaram a surgir relatos de moradores e familiares das vítimas a denunciarem que os jovens foram executados. A maioria dos ferimentos de bala nos corpos estão localizados nas costas e na cabeça, dando a entender que se tratou de execuções e não de morte em troca de tiros. A Divisão de Homicídios da Polícia Militar já está a investigar o caso.
Um dos relatos de familiares é o da mãe de uma das vítimas, que diz que o filho foi morto com golpes de faca e não num tiroteio, contradizendo a versão dos agentes. “Enfiaram faca no meu filho, quebraram o pescoço do meu filho. Não foi tiro”, garantiu Tatiana aos jornalistas, mostrando a certidão de óbito que classifica a causa de morte por perfuração com objeto.
A alegada execução dos jovens é o mais recente relato de uma crescente brutalidade policial nas favelas do Rio de Janeiro. Na campanha eleitoral para governador, Wilson Witzel prometeu mais ordem e mais liberdade aos polícias militares do Estado, chegando mesmo ao ponto de dizer que “a polícia vai mirar na cabecinha e…fogo” e o destacamento de atiradores furtivos para dispararem contra quem cometer crimes nas ruas. Declarações que tendem a instigar um sentimento de impunidade entre as forças de segurança.