O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, anunciou a demissão do ministro da Presidência, Gustavo Bebianno, esta segunda-feira, numa tentativa de encerrar o escândalo de corrupção que abalou o governo esta semana. Em questão estão as chamadas "candidaturas laranjas", o nome dado a candidatos sem intenção de concorrer de facto às eleições, tendo como propósito apenas desviar fundos eleitorais. Num destes casos, o de Maria de Lourdes Santos, candidata do Partido Social Liberal (PSL), o partido de Bolsonaro, é acusada de ter recebido 400 mil reais (95 mil euros) de fundos públicos, nas eleições do ano passado, tendo conseguido apenas 274 votos. Bebianno era presidente do PSL na altura, tendo até sido um dos principais responsáveis pela candidatura de Bolsonaro, e viu-se envolvido no escândalo.
No entanto, "entre o presidente e o ministro Bebianno tem mais problemas do que a questão dos laranjas", considerou, esta segunda-feira, o vice-presidente Hamilton Mourão. Bolsonaro acusou Bebianno de divulgar mensagens aúdio de conversas privadas entre os dois, em que o presidente dizia não querer uma "aproximação" com a rede Globo, acusando Bebianno de "colocar inimigos dentro de casa". Para além das tensões crescentes entre o ex-ministro e Carlos Bolsonaro, filho do presidente. Carlos acusou Bebianno de mentir, após este afirmar ter discutido o escândalo dos laranjas com Bolsonaro enquanto este estava no hospital.
Torna-se cada vez mais aparente que a demissão do ministro terá mais a ver com disputas de poder dentro do governo do que com acusações de corrupção. Um dos outros visados no escândalo é o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, sob as mesmas suspeitas que recaem sob Bebianno. No entanto, neste caso, o ministro mantêm-se em funções, com uma muralha de silêncio do governo à sua volta. O porta-voz da presidência, Ótavio Rêgo Barros, quando questionado por jornalistas se teriam sido tomadas decisões diferentes para casos "semelhantes", considerou que o governo não iria "avançar com qualquer suposição", e confirmando que a exoneração de ministros era responsabilidade do presidente.