Democratas apresentam resolução antimuro contra Trump

Democratas querem obrigar republicanos a escolher entre o presidente e os seus eleitores

O confronto entre o Partido Democrata e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não dá sinais de abrandar. Os democratas vão entregar na Câmara dos Representantes uma resolução para bloquear a declaração de emergência nacional da Casa Branca, devendo a votação acontecer na próxima semana. 

Com esta resolução, os democratas esperam agradar ao eleitorado mais liberal e, ao mesmo tempo, colocar os republicanos, principalmente os dos estados fronteiriços com o México, numa situação difícil: terão de escolher entre a sua lealdade ao chefe de Estado ou ao seu eleitorado, quando a contagem decrescente para as eleições presidenciais e para o congresso de 2020 já começou.

De qualquer das formas, visto os democratas terem a maioria na câmara baixa do Congresso, a resolução deverá ser aprovada, passando depois para o senado, nas mãos dos republicanos. 

É precisamente essa a esperança da líder da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, ao afirmar numa carta enviada aos seus pares que deseja que a resolução seja “aprovada rapidamente” para ser “enviada ao Senado e depois para a secretária do presidente”. 

Será na câmara alta do órgão legislativo que os republicanos se verão numa situação ainda mais sensível, por serem aí maioritários. Se a resolução for aprovada no Senado, o mais provável é que venha a ser vetada por Trump. Nesse caso, será pouco provável que as duas câmaras reúnam uma maioria de dois terços necessária para desafiar o veto presidencial. 

O Congresso aprovou na semana passada uma lei que atribui 1400 milhões de dólares para a construção de 88 quilómetros de vedação na fronteira entre o Texas e o México. O acordo visava evitar novo encerramento parcial do governo federal, depois do mais longo da história em dezembro e janeiro, mas Trump declarou o estado de emergência para poder usar verbas do Departamento de Defesa para construir o muro. O presidente precisa de pelo menos 5700 milhões de dólares para cumprir uma das suas principais promessas eleitorais. 

No início desta semana, 16 estados entregaram num tribunal da Califórnia um processo contra o presidente para impedir que use os fundos de emergência até os tribunais decidirem se a declaração é constitucional. “O presidente Trump está  a fabricar uma crise e a declarar uma emergência nacional inventada para tomar o poder e enfraquecer a Constituição”, afirmou em comunicado o governador da Califórnia, Gavin Newsom, um dos subscritores.