O Presidente dos EUA, Donald Trump, vai criar uma comissão para avaliar se as alterações climáticas representam uma ameaça à segurança nacional norte-americana, revelou o Washington Post, após ter tido acesso a documentos confidenciais. O Comité Presidencial sobre Segurança Climática será liderado por William Happer, de 79 anos, membro do Conselho de Segurança Nacional e que no passado colaborou com grupos de interesse que questionam a influência do CO2 no aquecimento global.
«Estamos a fazer o nosso melhor para tentar contrariar o mito de que o CO2 é um poluente perigoso», disse Happer durante uma conferência energética, em 2016. Dois anos antes, em 2014, já o cientista tinha provocado polémica ao comparar as críticas ao CO2 à propaganda nazi: «A demonização do dióxido de carbono é como a demonização dos pobres judeus no tempo de Hitler», explicando que «o dióxido de carbono é na verdade um benefício para o mundo, tal como os judeus».
«Isto é o equivalente a formar um comité sobre a proliferação de armas nucleares e ter alguém a liderá-lo que acha que as armas nucleares não existem», criticou Francesco Femia, cofundador do Centro para as Alterações Climáticas e Segurança, em declarações ao Washington Post.
A falta de confiança do Presidente dos EUA nas suas agências de informação estende-se à questão do aquecimento global, criando esta comissão exatamente depois de receber um relatório onde se refere que os efeitos das alterações climáticas se estão a intensificar e que são uma ameaça à segurança dos EUA.
«Estes julgamentos científicos e de segurança nacional não foram sujeitos a revisão científica independente rigorosa para analisar as certezas e incertezas da climatologia, bem como as implicações para a segurança nacional», justifica a ordem executiva.