A incerteza e vontade de atenuar os possíveis riscos do Brexit fizeram com que o Banco de Inglaterra anunciasse empréstimos semanais aos bancos britânicos em euros.
Segundo o banco central britânico em comunicado, o sistema financeiro europeu pode vir a ser posto à prova e as famílias e empresas europeias prejudicadas caso o Reino Unido saía da União Europeia sem acordo. Algo que pode ter repercussões no Reino Unido que não podem “ser totalmente antecipadas nem compensadas”, afirmou a instituição em reunião com o Comité de Política Financeira e citada pela AFP.
Um Brexit repentino sem transição pode acontecer já no final do mês e o banco garante que as instituições “ainda não estão em condições de oferecer todos os seus serviços financeiros aos clientes europeus” e que na ausência de novas ações por parte da União Europeia isto poderá vir a causar diversos problemas financeiros.
Assim, o banco central britânico informou que o primeiro empréstimo em euros será feito já no próximo dia 13 de março e garantiu que tudo acontecerá de forma igual às operações em dólares. “O Banco de Inglaterra continuará a monitorizar cuidadosamente as condições do mercado e a manter as suas operações, incluindo a sua frequência, sob revisão”, deixou claro.
A troca de libras esterlinas, moeda do Reino Unido, para euros será feita pelo Banco Central Europeu. Em comunicado, a instituição de Mario Draghi afirma que esta será uma medida “prudente e cautelosa” que terá como principal objetivo “fornecer flexibilidade adicional na sua provisão de liquidez” ao apoiar as famílias e empresas.
Esta faz parte de uma rede de linhas de troca de acordo permanente que já acontece com o Banco do Canadá, Banco do Japão, Reserva Federal norte-americana e Banco Nacional da Suíça. O regulador explicou que estas linhas são acordadas de forma a garantir a “estabilidade financeira global”.
Brexit pode estar próximo
Os novos empréstimos foram divulgados a 24 dias antes do Brexit. O documento foi chumbado em janeiro e o governo britânico espera agora conseguir negociar com Bruxelas as alterações necessárias para obter sinal verde do parlamento.
Um novo texto será submetido pela primeira-ministra britânica, Theresa May, já no próximo dia 12 de março a votação na Câmara dos Comuns. Caso este seja chumbado, os votos poderão ter dois caminhos: saída sem acordo ou adiamento do Brexit.
Desde que o Brexit foi anunciado, os bancos viram-se obrigados a apresentar planos de contingência ao Banco de Inglaterra, tendo em conta os mais variados cenários e foram avisados que deveriam guardar todos os ativos e aumentar os níveis de capital para que consigam crédito para famílias e empresas. Embora preveja o caos, o presidente do banco central britânico, Mark Carney, afirmou que o setor está preparado.