“Os aviões ficam em terra”. Foi assim que Donald Trump, em declarações na Casa Branca, ordenou a suspensão com “efeitos imediatos” do Boeing 737 MAX 8 e 9 no espaço aéreo norte-americano. “Tenho esperança que seja dada uma resposta em breve”, confessou o presidente dos Estados Unidos.
Acabou assim o voto de confiança dos EUA que se juntam à lista de 53 países que interditaram o espaço aéreo por problemas de segurança após o acidente trágico que matou 157 pessoas na Etiópia, o segundo em cinco meses com este modelo. Na terça-feira, o presidente norte-americano e o CEO da Boeing reuniram-se e Dennis Muilenberg garantiu a segurança destes modelos a Trump.
A decisão de ontem foi contrária à de total confiança demonstrada até hoje pelos Estados Unidos que afirmavam, através da Administração Federal de Aviação (FAA): “A nossa análise não revela problemas de funcionamento sistémico e não fornece nenhuma base para mantermos a aeronave em terra”.
Além destes, também a União Europeia e alguns dos mais movimentados espaços aéreos como o Brasil, a China, a Índia, os Emirados Árabes Unidos, interditaram os céus a este tipo de aeronave.
O piloto do Boeing 737 MAX 8 da Ethiopian Airlines terá avisado que estava a ter problemas no controlo do avião e pediu para regressar ao aeroporto. Tudo aconteceu instantes depois da descolagem.
De acordo com o The Wall Street Journal, o presidente executivo da Boeing terá ouvido as gravações da caixa negra do avião. Tewolde Gebremariam constatou que o piloto não referiu quaisquer interferências externas ou outros problemas, o que pode ser sinónimo de mais más notícias para a multinacional norte-americana.
A revolta chegou também à Norwegian Air Shuttles que anunciou o pedido de indemnização à Boeing depois de terem suspendido a atividade do 737 MAX 8. Em declarações à agência noticiosa Associated Press (AP), a porta-voz da companhia norueguesa disse que a empresa “não pode ficar com o ónus financeiro de uma aeronave nova que não pode ser usada”. A companhia tem 18 Boeing 737 MAX 8.
Os últimos dias têm sido um pesadelo também na bolsa. Na segunda-feira, dia depois do acidente, registou um recorde negativo que não era sentido desde o primeiro dia de atividade bolsista depois do ataque de 11 de setembro de 2001 às torres gémeas, com uma queda superior a 5%. Terça-feira foi também negro. No total dos dois dias a empresa perdeu cerca de 30 mil milhões de euros.
Ontem, o cenário já parecia mais animador,uma vez que a multinacional abriu em alta e recuperou 1%. No entanto, os acontecimentos do final do dia antecipam uma nova queda.