Joana Marques Vidal acusou esta terça-feira a Polícia Judiciária Militar (PJM) de atuar de forma ilegal no processo relativo ao reaparecimento do material militar furtado dos paióis de Tancos, em 2017.
A antiga procuradora-geral da República afirmou na comissão de inquérito ao furto de Tancos, na Assembleia da República, que a PJM “fez diligências e prosseguiu uma "investigação criminal quando não tinha competência para isso", pois "estava entregue à PJ [Polícia Judiciária]", cita a agência Lusa.
Joana Marques Vidal disse várias vezes que os inspetores da PJM “não têm formação” nem conhecem o Código de Processo Penal. Segundo a agência Lusa, a antiga procuradora acrescentou ainda que os inspetores não “interiorizaram” a sua missão” na investigação.
"Denota alguma leitura não adequada da lei e das suas obrigações (…) [A PJM] tem de obedecer ao Ministério Público nos processos em que intervém", afirmou Joana Marques Vidal, acrescentando ainda que tal não aconteceu.
A procuradora em funções à data do furto revelou ainda que soube do reaparecimento de parte do material furtado através de um comunicado da PJM e que tentou posteriormente contactar, por diversas vezes, com Luís Vieira, diretor da PJM.
Segundo Joana Marques Vidal, também Amadeu Guerra, que na altura era diretor do Departamento Central de Investigação e Ação Penal, tentou contactar com Luís Vieira. Tanto foram enviados recados na sede da PJM, como feitas chamadas e enviadas mensagens de texto para o telemóvel, mas este nunca respondeu.
Sem conseguir contactar com o diretor, Joana Marques Vidal entrou em contacto com Azeredo Lopes, o então ministro da Defesa Nacional, de forma a protestar contra a atitude de Luís Vieira, escreve a agência Lusa.
"[Azeredo Lopes] estava bastante feliz por terem aparecido as armas" e disse à então procuradora que iria falar com Luís Vieira. No entanto, Joana Marques Vidal alega não saber o resultado das diligências de Azeredo Lopes, mas garante que nunca o dirigente da PJM lhe devolveu a ela, ou a Amadeu Guerra, as chamadas.