A decisão do ATP Tour de não renovar um terceiro mandato ao seu presidente, Chris Kermode, provocou um coro de protestos ao longo da semana.
Roger Federer, Rafael Nadal e Stan Wawrinka foram as vozes mais audíveis. O suíço e o espanhol chegaram mesmo a reunir-se e querem a manutenção de Kermode.
Os três campeões de Majors alegam que nunca lhes pediram a opinião e Federer disse ao Tennis Channel que solicitou uma reunião com Novak Djokovic, o presidente do Conselho dos Jogadores no ATP Tour, mas que o sérvio só mostrou disponibilidade um dia depois da votação.
Djokovic replicou que não foi abordado por esses jogadores e está disponível para conversar com todos.
Entretanto, mais detalhes vieram a público. Não sendo 100 por cento seguros, parecem perto da realidade:
1. O Conselho dos Jogadores do ATP Tour teve cinco votos a favor e cinco contra a continuidade do presidente do ATP Tour. Quem desempata é o presidente do Conselho dos Jogadores, ou seja, Djokovic. O n.º 1 mundial recusou divulgar em quem votou, mas parece óbvio.
2. No Conselho de Administração do ATP Tour a decisão do Conselho dos Jogadores é levada em conta mas não é vinculativa. Em teoria, os representantes dos jogadores no ‘Board’ podem voltar contra a decisão do Conselho de Jogadores.
3. No Conselho de Administração do ATP Tour as decisões são tomadas por maioria. Muitas vezes há empates com os três representantes de jogadores a votarem em bloco e os três representantes dos torneios igualmente unidos. Aí é o presidente a desempatar e Djokovic considera ser demasiada pressão para um CEO e que os jogadores têm sido prejudicados muitas vezes, insinuando que o facto de Kermode ter sido diretor do torneio do Queen’s Club dificulta a sua imparcialidade.
4. A decisão de manter um CEO ou de contratar outro já não pode ser só tomada por maioria. É preciso que pelo menos dois jogadores votem a favor. Ora neste caso, os três representantes dos torneios votaram pela manutenção do CEO, mas dois dos três representantes de jogadores votaram contra. Um desses votos contra Kermode foi Justin Gimelstob (que brevemente será julgado como arguido num caso de agressão), um antigo jogador e comentador com enormes ambições políticas no ténis e muito próximo de Djokovic.
Voltarei ainda ao tema para explicar porque nem Djoko, nem Rafa nem Roger são totalmente inocentes neste processo em que todos procuram ter influência nos bastidores. Aqui não há santos e pecadores a cem por cento, mas o futuro do ténis como o conhecemos poderá estar em perigo.