Os juízes do Tribunal Penal Internacional, sediado em Haia, na Holanda, decidiram reafirmar a condenação e aumentar a sentença por crimes de guerra e contra a Humanidade, durante a Guerra da Bósnia, do antigo líder dos sérvios na Bósnia, Radovan Karadzic, de 73 anos. O antigo líder enfrentará agora a prisão perpétua e não os 40 anos de pena de prisão iniciais, decidida em 2016. Karadzic tinha apresentado recursos à sua condenação.
O advogado do condenado, Peter Robinson, reagiu dizendo que o seu cliente “acredita fervorosamente que o veredito foi errado e produto de um julgamento injusto”.
Entre as principais acusações encontra-se a de genocídio. Karadzic foi considerado responsável pela morte de mais de sete mil muçulmanos em Srebrenica em julho de 1995. Na leitura do veredito aos recursos, o presidente do coletivo de juízes, Vagn Prüsse Joensen, afirmou que o antigo líder esteve em permanente contacto com as suas forças enquanto estas tomavam militarmente a cidade, fazendo com que fosse impossível desconhecer os crimes cometidos. Além disso, o tribunal considerou também que Karadzic não encetou esforços para investigar e punir os crimes cometidos quando começaram a ser conhecidos.
Karadzic foi capturado em Belgrado em 2008 e desde esse momento que tem estado detido em Haia, ora à espera do julgamento ora a aguardar o veredito dos recursos.
O condenado por crimes de guerra e contra a Humanidade liderou a secessão dos sérvios da Bósnia, sendo eleito presidente da República de Srpska, em 1992, depois de a Bósnia ter declarado a independência. À semelhança de Ratko Mladic, também condenado por Haia, em 2017, a prisão perpétua, Karadzic desejava, afirmam os juízes, “remover permanentemente muçulmanos e croatas” do território que considerava pertencer aos sérvios.
“Acho que o veredito é histórico para a justiça”, reagiu Munira Subasic, presidente do grupo Mães de Srebrenica.