Por mais dividido que estejam os deputados britânicos quanto à saída do Reino Unido da União Europeia, a vasta maioria está de acordo numa coisa: qualquer que seja a decisão tomada irá afetar decisivamente a futuro das próximas gerações e do projeto europeu. E perante a necessidade de uma extensão do prazo de saída, após o chumbo do acordo negociado pela primeira-ministra britânica, Theresa May, o Reino Unido está dependente da boa vontade dos restantes líderes europeus, que terão de aprovar a extensão. Para tal, o plano britânico terá de ser clarificado "mais tardar na reunião de amanhã", na cimeira do Conselho Europeu, que decorrerá dia 20 e 21 de março, revelou à Reuters um alto cargo da União Europeia, em condição de anonimato. A instituição "espera que antes que os 27 chefes de governo europeus iniciem as suas discussões, May se dirija aos líderes, esboce os seus planos e faça um balanço da situação".
Para já, a expectativa é que May não peça uma extensão para lá da data de 30 de junho, de modo a que o Reino Unido não tenha de participar nas eleições europeias, dado que a tomada de posse dos novos eurodeputados será a 2 de julho. Perante o impasse que já se prolonga há meses, uma possibilidade que parece estar fora de questão é que sejam reatadas as negociações entre o executivo britânico e Bruxelas. "Não haverá renegociações, nenhuma nova negociação, nem garantias adicionais para além das já dadas", garantiu o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, em declarações à radio Deutschlandfunk, acrescentando: "Já nos aproximámos intensamente da Grã-Bretenha, não o podemos fazer mais".
Mesmo que o plano de May seja continuar a tentar ultrapassar o impasse no Parlamente britânico, algo que dificilmente parece possível, dado o grau de polarização quanto ao Brexit, os líderes europeus deram a May um prazo de até meados de abril para decidir se o Reino Unido participa ou não nas eleições europeus – o que irá permitir ou não uma extensão mais prolongada.