Parlamento Britânco chumba todas as opções para o Brexit

A proposta mais próxima de conseguir uma maioria foi uma emenda ao acordo já negociado, que acrescenta a continuação de uma união alfandegária com a UE, seguida da proposta de um segundo referendo

O Parlamento britânico tentou tomar nas mãos o controlo do Brexit, mas os deputados não conseguiram chegar a uma maioria. Foram chumbados, esta quarta-feira à noite, os muitos cenários colocados em cima da mesa, que iam desde uma saída imediata sem acordo até a um segundo referendo. Passando por emendas ao acordo negociado entre Bruxelas e a primeira-ministra britânica, Theresa May. Apesar dos votos indicativos de hoje não terem quebrado o impasse, como desejado, conseguiram apontar alguns caminhos possíveis. As votações continuarão na próxima segunda-feira.

O cenário mais próximo de alcançar uma maioria foi uma emenda ao acordo já negociado, acrescentando uma união alfandegária, a ser discutida com a UE. Esta proposta de compromisso inter-partidário foi derrotada por 264-272, por diferença de apenas oito votos. Contou com o apoio da vasta maioria do Partido Trabalhista, incluindo o seu líder, Jeremy Corbyn, tal como de 33 deputados conservadores. Entre os deputados contra estão 12 trabalhistas europeístas, que rejeitam qualquer possibilidade de saída da UE e preferem um segundo referendo. Caso Corbyn pressione estes deputados do seu partido poderá conseguir uma maioria parlamentar. Uma solução que parece mais simples do que é, dada a cerrada oposição interna que o líder trabalhista enfrenta. Alguns deputados trabalhistas até abandonaram o partido recentemente, devido às fraturas causadas pelo Brexit.

Já a proposta de um segundo referendo foi a segunda mais próxima de uma maioria, sendo chumbada por 268-295, por 27, uma margem muito menor do que da última vez que foi votada. A diferença significativa deveu-se ao facto de que, desta vez, o segundo referendo recebeu o apoio de Corbyn, que exigiu disciplina de voto aos seus deputados. No entanto, mais uma vez as fraturas entre os trabalhistas foram decisivas, com 27 deputados a desafiarem as ordens do seu líder e a votarem contra, exatamente os necessários para aprovar a proposta. 

Enquanto o Parlamento tenta tomar uma decisão, May não terá, por agora, de cumprir a sua promessa de se demitir caso o seu acordo fosse aprovado. Mas mantêm-se os receios do governor que teme que caso seja aprovado um rumo para o Brexit contrário ao programa com que os conservadores foram eleitos seja necessário convocar novas eleições.