O Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) revelou hoje que, três anos depois de os Papéis do Panamá começarem a ser revelados, os 22 Estados envolvidos neste escândalo de evasão fiscal recuperaram 1,2 mil milhões de dólares (1,1 mil milhões de euros).
De acordo o comunicado emitido ontem pelo ICIJ, o Reino Unido foi o país que mais dinheiro recuperou (224 milhões de euros), seguido pela Alemanha (171 milhões de euros) e França (120 milhões de euros). Portugal não surge na lista divulgada.
“Os Papéis do Panamá não só terão permitido aos governos recuperarem fundos escondidos (…), como também permitiram, a mais longo prazo, modificar comportamentos e atitudes dos cidadãos”, refere o comunicado. “As investigações prosseguem em vários países, como a Áustria, Alemanha, França e Noruega”, pelo que o número total de dinheiro recuperado é “suscetível de aumentar”, explica o Consórcio.
Em Portugal, a última vez que foi dado a conhecer o estado da investigação foi em novembro do ano passado, quando o Jornal Económico revelou que tinham sido abertos processos de averiguação a 147 contribuintes. Estes tinham ligações a mais de 100 companhias offshore. Segundo a Autoridade Tributária, citada por aquele jornal, a maioria dos casos aguardava respostas de assistência de outro países, como os Estados Unidos e o próprio Panamá.
Recorde-se que esta investigação, realizada por centenas de jornalistas de todo o mundo, desmascarou um dos maiores esquemas de sempre de evasão fiscal, detetando a presença de bens de milhares de pessoas, nomeadamente figuras políticas, milionários e atletas, em paraísos fiscais. Estas offshores foram criadas ao longo de anos por Mossack Fonseca a partir do seu escritório no Panamá e das mais de 35 sucursais que possui em vários pontos do mundo.