Laleh Shahravesh, uma cidadã britânica, e a sua filha estavam no aeroporto do Dubai, de regresso a Londres, quando foram detidas no início de março.
Em causa estavam algumas palavras menos simpáticas que a inglesa terá escrito, três anos antes, no Facebook acerca da nova mulher do ex-marido, um português.
Aliás, a inglesa e a filha de 14 anos estavam naquele emirado para irem ao funeral do ex-marido de Laleh, que morreu de ataque cardíaco no dia 3 de março.
A situação foi denunciada pela organização não-governamental Detained in Dubai que sublinha que a britânica de 55 anos arrisca uma pena de prisão de dois anos, além de uma multa de 58 mil euros.
Laleh Shahravesh foi casada, durante 18 anos, com Pedro Manuel Correia dos Santos, com quem viveu no Dubai por um período de oito meses, após o qual mulher e filha regressaram a Londres, tendo o português permanecido nos Emirados Árabes Unidos com o plano de mais tarde juntar-se à família no Reino Unido.
Mas nem tudo correu como planeado, alguns meses após a britânica ter regressado a Londres, recebeu os papéis de divórcio, enviados por Pedro Manuel dos Santos. Pouco tempo depois, Laleh Shahravesh é confrontada no Facebook com fotografias do casamento do ex-marido com uma mulher tunisina.
Incrédula e irritada escreveu também naquela rede social: "Espero que vás para o fundo da terra, idiota. Maldito sejas". Na publicação que remonta a 2016, pode ainda ler-se uma referência à nova mulher do ex-marido: "Trocaste-me por este cavalo".
A nova mulher, agora viúva, apresentou queixa junto das autoridades do Dubai que detiveram então a britânica e a filha, pouco antes de estas embarcarem para o seu país. A adolescente foi pouco depois, tendo sido autorizada a voar de volta sozinha, está agora hospedada com parentes.
Já Shahravesh também foi solta, mas só mais tarde, e sob fiança, acabou por hospedar-se num hotel pois tem o passaporte confiscado.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico está a par da situação e encontra-se a prestar apoio a Laleh Shahravesh e à sua família.
Radha Stirling, a responsável pela ONG que denunciou o caso, sublinhou que foi a viúva quem apresentou queixa por difamação e que se recusa a retirá-la.
A fundadora da Detained in Dubai apelou ainda às autoridades britânicas para alertarem os seus cidadãos sobre as leis de difamação e de cibercrime dos Emirados Árabes Unidos.
Segundo a legislação no Dubai, comentários difamatórios nas redes sociais podem ser punidos com penas de prisão.