Quando em 2009 o Masters 1000 de Madrid abandonou a Madrid Arena, em piso rápido, e se transferiu para a Caja Mágica, em terra batida, que jogador venceu nas novas condições? Roger Federer.
Quando em 2012 o milionário romeno Ion Tiriac trouxe a polémica terra batida azul para o mesmo torneio de Madrid, quem foi o jogador que dominou o piso que levava os jogadores a patinarem no court? Roger Federer.
Quando este ano o Masters 1000 de Miami se transferiu de Key Biscayne para o Hard Rock Stadium dos Miami Dolphins houve um misto de nostalgia, excitação e alguma apreensão, mas quem lidou melhor com a novidade e impôs-se? Roger Federer.
O campeoníssimo suíço tem esse talento de adaptar-se às circunstâncias. Foi evidente que o seu nível tenístico foi melhorando entre a primeira ronda e a final, chegando a um patamar extremamente elevado desde os quartos de final.
Não, não sou daqueles fãs indefetíveis de King Roger. Aliás, quando ele venceu no antigo Estoril Open, fui criticado por alguns membros dos media nacionais por cometer o sacrilégio de escrever que o educado, inteligente, filantropo e charmoso helvético também se irrita e comete erros. Também é humano.
Mas é indiscutível que estamos perante um dos maiores e melhores desportistas de todos os tempos, não só no ténis mas de qualquer modalidade.
O Papa Francisco avisou que Messi não é Deus e Federer também não, mas dentro de um campo de ténis é o único a revestir-se de uma aura divina e até na sua movimentação parece flutuar como um anjo.
Quando CR7 marcou o hat-trick ao Atlético de Madrid ouvi um comentador (não recordo qual) dizer que Ronaldo poderá não ser ainda o melhor futebolista de sempre, mas que não há memória de algum ter atingido este nível e com esta consistência aos 34 anos.
Penso o mesmo de Roger Federer. O que ele faz aos 37 anos parecia impensável. É verdade que Ken Rosewall tem recordes impressionantes com mais de 40 anos, mas o que surpreende em Federer não são os picos de forma, é a regularidade com que se exibe ao mais alto nível.
Este ano ganhou a Taça Hopman ao lado de Belinda Bencic, o ATP 500 do Dubai e o Masters 1000 de Miami. Foi ainda finalista do Masters 1000 de Indian Wells e o único torneio em que foi eliminado prematuramente, nos oitavos de final, foi o Open da Austrália.
É o n.º 1 da Corrida para o Masters de Londres, é o único a ter ganho dois títulos ATP em 2019 e apesar da vitória de Novak Djokovic no primeiro Major do ano, considero que Federer foi o melhor tenista do mundo no primeiro trimestre do ano… aos 37 anos!