A primeira-ministra britânica, Theresa May, foi ontem a Bruxelas para pedir uma extensão curta do prazo limite de saída da União Europeia, até 30 de junho. Mas pode receber mais do que deseja. Vários líderes europeus sugeriram a possibilidade de uma extensão mais longa, até um ano, com a possibilidade de uma saída antecipada do Reino Unido. Mas este pode ser um presente envenenado para a primeira-ministra, que enfrenta a crítica feroz dos eurocéticos por não ter ainda conseguido sair da UE.
À chegada a Bruxelas, May recordou que boa parte dos deputados do seu partido “estão frustrados que esta cimeira esteja a acontecer de todo”, acrescentando que ela própria “lamenta profundamente” que o Brexit ainda não tenha ocorrido. May reafirmou que apenas quer uma até 30 de junho, independentemente das ofertas dos líderes europeus. Mas nem uma extensão curta está garantida, dado que o primeiro-ministro francês, Emmanuel Macron, decidiu tomar uma posição dura quanto ao assunto.
“Para mim, nada é garantido, particularmente uma extensão longa. Precisamos de compreender porque é que este pedido é feito e qual o projeto político que o justifica”, assumiu Macron. O pedido de extensão tem de ser aceite por todos os países membros da UE, e uma recusa pode precipitar uma saída não acordada do Reino Unido, já nesta sexta-feira.
Face às exigências francesas, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, afirmou que não pretende uma saída não acordada, mas garantiu que a UE está preparada para esse cenário. Contudo, Tusk apelou à boa vontade dos líderes europeus, pedindo que nenhum lado seja humilhado e defendendo uma extensão mais longa da data limite.
Esta posição conta com o apoio da primeira-ministra alemã, Angela Merkel. “Formularemos esta extensão de tal modo que, quando quer que o Reino Unido aprove o acordo de saída, possa completar a sua saída ordenada o mais breve possível”, assegurou a chanceler alemã.