A inclusão das vacinas contra a meningite B, rotavírus e vírus do papiloma humano (HPV) para os homens no Plano Nacional de Vacinação deverá ter um custo anual de cerca de 15 milhões de euros. As contas foram avançadas pela diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, na audição de ontem na Comissão Parlamentar de Saúde, pedida pelo PSD, numa ocasião em que a responsável deixou a garantia de que “dentro de muito poucos dias, semanas no máximo, a Direção-Geral da Saúde (DGS) submeterá à tutela informação sobre as várias opções de vacinação e as respetivas estratégias, de acordo com a melhor evidência científica disponível”. Para já, a comissão técnica de vacinação já procedeu à entrega do relatório relativo à vacina contra o HPV para os homens, estando em falta os relatórios das restantes duas vacinas.
A inclusão das três novas vacinas no Plano Nacional de Vacinação, note-se, foi aprovada em novembro de 2018 pelo Parlamento, na especialidade do Orçamento do Estado. Na época, Graça Freitas expressou a sua preocupação em conferência de imprensa: “Pode acontecer que se abra um precedente num assunto que é do foro da prescrição médica e da prescrição da saúde”, lamentou.
Para a diretora-geral de Saúde, a intenção da comissão de Saúde foi positiva, mas Graça Freitas lamentou que a DGS não tivesse sido ouvida. “A comissão de saúde ouviu e bem a indústria farmacêutica e outras entidades a respeito, mas eu gostaria que também tivesse ouvido a DGS e a comissão técnica da vacinação e tivesse tido em conta os vários pareceres que a DGS mandou ao longo dos anos para o Parlamento”, afirmou.
Vacinas com limitações Durante a audição desta terça-feira, Graça Freitas afirmou que as vacinas em causa têm limitações. “Se todas estas vacinas fossem boas nós não teríamos dúvida nenhuma em lutar e vir pedir aqui a esta Assembleia que lutasse connosco”, defendeu-se, lembrando que, ao vacinar-se “grandes grupos de pessoas” muda-se “a dinâmica das doenças”.
A vacina contra a meningite B, em específico, é administrada em grupos de risco mas tem várias limitações, sendo o seu conteúdo uma delas. Porquê? “A concordância estimada da vacina com as estirpes circulantes em Portugal é de 67.9, o que não é uma boa concordância”, esclareceu a diretora-geral da Saúde, justificando que “até à data, não há nada que evidencie que esta vacina influencie o estado do portador”. A situação é a mesma relativamente à vacina contra o rotavírus, pois, como justificou Graça Freitas, a carga da doença por cá e nos países desenvolvidos não é relevante. Já quanto à vacina contra o HPV, “não se pode ter expectativas de que a vacina pode fazer milagres nos rapazes. Faz milagres para o cancro do colo do útero nas raparigas. Isto tem que ser dito, independentemente das decisões que forem tomadas”, defendeu.