Numa entrevista à agência Lusa, a coordenadora da investigação, Ana Cristina Santos, afirmou que o estudo, publicado em dezembro na revista International Jounal of Obesity, contraria a ideia de que "as prevalências de obesidade em Portugal pareciam estar a estabilizar", um cenário que se verifica noutros países do norte da Europa.
"Quando comparamos a obesidade a outras doenças, percebemos que as estimativas são incomparáveis. Assumir que estamos perante uma situação de estabilidade ou controlo parece-nos prematuro, por isso, é de facto importante continuar a falar, a realçar e a intervir", explicou à Lusa.
O estudo visou avaliações realizadas a crianças aos 4, 7 e 10 anos e, de acordo com a investigadora, permitiu concluir que aos quatro anos há 22% de crianças com excesso de peso, valor que aumenta para os 26% aos dez anos.
Já no que respeita à obesidade, aos quatro anos há 10% de crianças obesas, percentage que aumenta para os 15% aos sete anos e para os 17% aos dez.
"No excesso de peso vemos uma maior estabilização, as estimativas não flutuam tanto, mas na obesidade vemos um aumento ao longo da infância. Parece-nos que a idade pré-escolar é um ponto que é necessário intervir", sublinhou a investigadora.
No que respeita aos géneros, as raparigas têm maior prevalência de obesidade que os rapazes. A investigadora acredita que isto acontece por uma questão de fisiologia e devido ao índice de massa gorda (IMC). Isto porque, tendencialmente, "as mulheres são mais obesas e os homens tem mais excesso de peso".
Para a investigadora é importante apostar na prevenção. "Estas situações são muito difíceis de serem revertidas depois de instaladas. Sabemos que estas crianças estão em risco de se tornarem adolescentes obesos e, posteriormente, adultos obesos", concluiu Ana Cristina Santos.