Celebrava-se a Páscoa judaica quando um jovem de 19 anos entrou numa sinagoga em San Diego, nos Estados Unidos, e começou a disparar uma arma automática. Uma mulher morreu, entretanto identificada como Lori Kaye, de 60 anos, e outras três pessoas ficaram feridas, incluindo uma criança de oito anos. Mais pessoas podiam ter morrido no sábado se a arma do jovem não tivesse encravado a meio dos disparos. O jovem fugiu, com um agente fora de serviço a disparar contra o seu carro de fuga. O jovem acabou mais tarde por ser detido por uma patrulha.
As autoridades identificaram o atirador como sendo John Earnest, natural de San Diego e sem antecedentes criminais. Todavia, antes do ataque publicou uma carta aberta em que justificou a sua ação com argumentos anti-semitas e racistas, afirmando ter-se inspirado nos ataques contra duas mesquitas em Christchurch, Nova Zelândia, por um elemento de extrema-direita que vitimou 50 pessoas.
Kaye, a única vitima mortal, morreu ao colocar-se entre as balas do atirador e o rabi fundador da sinagoga e um dos feridos, Yisroel Goldstein. O segundo ferido foi Almog Peretz, de 34 anos, e Noya Dahan, de oito.
“Face ao ódio sem sentido, comprometemo-nos a viver orgulhosamente como judeus neste país glorioso”, disse o rabi Yonah Fradkin, diretor-executivo da Chabad de Sãn Diego, em comunicado. “Acreditamos firmemente que o amor é exponencialmente mais poderioso que o ódio. Estamos profundamente abalados com a perda de uma mulher verdadeiramente corajosa, Lori Kaye, que perder a vida apenas por ser judia”, continuou o dirigente associativo.
Por sua vez, o presidente da câmara de Poway, Steve Vaus, acusou o atirador de ser “alguém com ódio no coração para com a comunidade judaica e isso não será permitido”. “Aquelas corajosas pessoas certamente que evitaram que isto fosse uma tragédia muito pior”, sublinhou Vaus. E o Presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que o país estava “solidário com a comunidade judaica”.
Este ataque aconteceu seis meses depois de um outro semelhante contra uma sinagoga em Pittsburgh, EUA, causando a morte a 11 pessoas e ferindo outras seis. Foi o ataque mais mortífero de sempre na história dos Estados Unidos contra uma sinagoga.
Estes atentados são significativos do aumento do anti-semitismo nos Estados Unidos. A Liga Anti-Difamação norte-americana, que desde 1979 regista incidentes anti-semitas, considera que o pior ano de sempre foi 1994, quando foram contabilizados 2066 incidentes – incluindo assédio, ameaças de bomba contra centros comunitários e sinagogas e vandalismo. Em 2013, os incidentes diminuíram para 751, mas desde essa altura que não têm parado de aumentar, principalmente em 2017, quando se registou o maior salto desde 2013: um aumento de 57%, com 1986 a serem registados.
Em 2017, a maior parte dos incidentes foram de assédio, aumentando na ordem dos 41% (1015 incidentes no total). Os atos de vandalismo aumentaram 86% (952 casos no total) e foram contabilizadas 163 ameaças de bomba a centros comunitários e sinagogas.