CGD. “Não quero piorar a situação de Sócrates”

“O engenheiro [José Sócrates] está num momento particularmente delicado da vida dela. E deixe-me que lhe diga que eu não quero, com o que digo aqui, piorar a situação em que se encontra”

Carlos Santos Ferreira, presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) entre 2005 e 2007, assegurou ontem na comissão parlamentar à recapitalização da Caixa, que José Sócrates, então primeiro-minsitro, “nunca foi visita de casa”.

Foi durante a liderança de Santos Ferreira que a Caixa teve lucros recorde, mas foitambém nessa altura que se tomaram algumas das decisões mais ruinosas: na lista dos 14 créditos que mais prejuízos provocaram, apenas dois não foram concedidos durante o mandato de Santos Ferreira. Entre os créditos mais ruinosos atribuídos na altura estão os financiamentos dados a Joe Berardo, para comprar ações do BCP, e o investimento da CGD no resort de Vale de Lobo, investimento esse que foi investigado pelo Ministério Público no âmbito da Operação Marquês. Os procuradores acreditam que José Sócrates teve influência na decisão da CGD.

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 “O engenheiro [José Sócrates] está num momento particularmente delicado da vida dela. E deixe-me que lhe diga que eu não quero, com o que digo aqui, piorar a situação em que se encontra. Tínhamos uma relação normal entre membros do mesmo partido. Nunca falei com ele sobre convite. E as minhas palavras não podem ser vistas de forma alguma a fazer piorar uma situação que acho extremamente complicada e delicada”, afirmou Santos Ferreira, que disse também conhecer Armando Vara há 20 anos, mas que não fazia ideia que este iria para a administração do banco público.

Quanto ao investimento em Vale do Lobo, Mariana Mortágua quis saber se foi o próprio Armando Vara que propôs esta operação. Santos Ferreira explicou que os grandes projetos eram apresentados ao conselho de administração antes de irem ao conselho de crédito. “Não conheço ninguém, de Vale do Lobo, nunca aceitei convites para ir a Vale do Lobo, sou um anti-socal”.

O ex-banqueiro justificou a entrada neste projeto com a vontade do conselho de administração em criar uma SGPS, a Wolfpar, para desenvolver parcerias com investidores da área imobiliária. Ficou decidido nessa altura que Vara teria os poderes para “criar a empresa e representar a CGD”. “Todos sabemos que Vale do Lobo correu mal”, admitiu. Para além da compra das torres do Colombo, houve mais parcerias nesta área? “Que eu conheça não houve mais nenhuma [parceria]”, afirmou.