“Que sera, sera / Whatever will be will be / The future’s not ours to see / Que sera, sera / What will be will be”
Muitos seguiram o conselhos dado por Doris Day no filme de 1956 O Homem que Sabia Demais. Esta tornou-se uma das das músicas mais conhecidas da atriz e cantora, que morreu esta segunda-feira aos 97 anos.
“Doris Day morreu esta manhã na sua casa, em Carmel Valley. Ainda chegou a celebrar o seu 97º aniversário, no passado dia 3 de abril. Nesse dia, cerca de 300 fãs reuniram-se em Carmel para celebrar os anos de Day. A atriz estava em excelente forma física para a idade que tinha, até ter contraído recentemente uma pneumonia grave, acabando por morrer. Estava rodeada por vários amigos quando morreu”, lê-se no comunicado publicado no site da Doris Day Animal Foundation, uma organização sem fins lucrativos que a lenda de Hollywood ajudou a criar em 1978.
Doris Day nasceu a 3 de abril de 1922 em Cincinnati e começou a sua carreira como cantora em 1939, a atuar com big bands. A sua popularidade foi crescendo nos Estados Unidos e, em 1947, decide lançar-se numa carreira a solo. Durante os 20 anos seguintes, gravou mais de 650 canções com a produtora Columbia Records, tornando-se uma das cantoras mais populares do século XX.
A sua estreia no cinema foi no ano de 1948, com o filme Romance em Alto Mar. Seguiu-se uma série de longas-metragens bem-sucedidas, mas as duas obras que lançaram Doris Day para o estrelato foram o filme de 1953 Calamity Jane, que, segundo disse numa entrevista, foi a longa-metragem que mais gostou de fazer, e, três anos depois, O Homem que Sabia Demais, realizado por Alfred Hitchcock e com James Stewart no papel principal. Entre os quase 50 filmes em que participou, destacam-se também Conversa de Travesseiro e Não me Mandem Flores, nos quais contracenou com a estrela de Hollywood Rock Hudson.
Na rádio e na televisão
Antes de se lançar no mundo da representação, Doris Day tentou a sua sorte na rádio. O Doris Day Show foi emitido pela CBS entre março de 1952 e maio de 1953. No programa, Day exibia os seus dotes vocais, acompanhada pela banda Les Brown e a sua orquestra. Em todas as emissões, a cantora apresentava um convidado especial.
Com tudo isto, só lhe faltava mesmo ser uma estrela no pequeno ecrã. E foi: entre 1968 e 1973, o Doris Day Show foi um dos programas preferidos dos norte-americanos. Ao longo dos 128 episódios emitidos no canal CBS, o elenco foi variando, mas tudo girava à volta da personagem interpretada por Day e a sua família.
Em 1960, Doris Day foi nomeada para o Óscar de Melho Atriz pelo filme Conversa de Travesseiro, mas o prémio acabou por ir para Simone Signoret, com o filme Um Lugar na Alta Roda. Em 1989, foi homenageada com o prémio Cecil B. DeMille pelo seu papel no mundo do entretenimento. Recebeu também, em 2004, pelas mãos do então presidente dos EUA George W. Bush a Medalha Presidencial da Liberdade e, em 2008, um Grammy Lifetime Achievement Award e um Legend Award da Society of Singers. O último prémio que recebeu foi um Achievement Award da Los Angeles Film Critics Association, em 2011.
Um amor pelo filho e pelos animais
A sua vida pessoal também foi bastante preenchida. Uma dos aspetos mais conhecidos foi o facto de ter namorado com Ronald Reagan antes de este ser presidente dos EUA – os atores contracenaram em dois filmes. Day foi casada quatro vezes e teve apenas um filho, Terry Melcher, conhecido por ser o produtor de bandas como os Byrds e os Beach Boys. Uma curiosidade: no verão de 1968, Dennis Wilson, dos Beach Boys, apresentou-lhe um rapaz chamado Charles Manson, que tinha o desejo de entrar no mundo da música. O filho de Doris Day recusou trabalhar com Manson depois d ever a forma agressiva com que discutia com as pessoas. Pouco depois, Melcher subalugou a mansão em Bel Air onde vivia com a namorada ao realizador Roman Polanski e à sua mulher Sharon Tate, conta o jornal britânico Telegraph. Em agosto de 1969, aquela casa foi palco de um dos homicídios mais conhecidos do século XX: Manson e os seus seguidores mataram Sharon Tate e alguns amigos que estavam em sua casa, usando o sangue das vítimas para pintar na porta da moradia a palavra ‘porcos’.
Depois da morte de Terry Melcher, em 2004, e com a falta de projetos no mundo do cinema e da música, Doris Day raramente era vista em público, passando o tempo fechada em casa ou a passear na redondezas, dedicando-se exclusivamente à proteção dos animais através da sua fundação. “Conhecida carinhosamente como ‘a apanhadora de cães de Beverly Hills’, Doris encontrou vários cachorros abandonados à porta de sua casa. Tentava arranjar novas casas para os animais e costumava fazer visitas aos novos donos para ter a certeza que os cães estavam a ser bem tratados”, refere o comunicado emitido ontem. Numa das suas fotografias mais conhecidas, a atriz surge com uma t-shirt onde se pode ler “sê amável para os animais ou eu mato-te”.
Homenagens
Dezenas de celebridades usaram as redes sociais para se despedirem da lenda de Hollywood. A atriz Goldie Hawn, a estilista Stella McCartney, o cantor Tony Bennett e o comediante Piers Morgan foram algumas das figuras públicas que deixaram uma mensagem nas suas contas oficiais no Twitter e no Facebook, mas uma das homenagens que mais deu nas vistas foi a da atriz Sarah Jessica Parker: “Oh Sra. Day, uma rapariga de Cincinnati como eu. Quantas cartas dirigidas a si escrevi e não enviei. Não as sei de cor, mas todas diziam o mesmo – adoro-a. Milhões a adoravam e adoram. Vá com Deus e descanse em paz”.