A iniciativa caiu por terra em Arroios, mas Campolide não hesitou em aproveitá-la: ontem, duas passadeiras da freguesia acordaram de cara lavada, com as listas negras que se intercalavam com as listas brancas substituídas por outras, pintadas com as cores arco-íris da bandeira LGBTI – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Intersexo. Não serão as únicas e, no total, a freguesia verá cinco das suas passadeiras assim pintadas.
Apesar de o executivo da freguesia garantir que a decisão não é ilegal, há quem esteja preocupado com o assunto e defenda o contrário: “Pintar as passadeiras com outras cores, mesmo mantendo o branco e colocando as outras cores nos intervalos, é alterar o sinal, o que significa que o sinal deixa de ser uma passadeira. Portanto, alguém que seja atropelado ali, em vez de ser atropelado numa passadeira, é atropelado na estrada, porque aquilo já não é uma passadeira.
O sinal não é só as listas brancas, é o global”, alerta o presidente da Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP), José Miguel Trigoso, ao i. Da mesma forma, avisa, os condutores deixam de estar obrigados a parar para ceder a passagem. “Acho grave que os responsáveis políticos estejam a fazer uma coisa que é uma ilegalidade e que retira o valor do sinal à passadeira”, defende ainda o responsável. Lá fora, a medida tem vindo a ser a implementada em vários países.
Durante a madrugada de segunda-feira, o presidente da Junta de Freguesia de Campolide, André Couto, esteve a acompanhar a transformação, que ocorreu na Praça de Campolide e junto à EB1/JI Mestre Querubim Lapa. Ontem de manhã, publicou algumas fotografias no Instagram, explicando que a adoção da proposta “foi uma forma de Campolide se colocar ao lado de todos os movimentos LGBT que lutam pela igualdade e não discriminação, assim como de todos os movimentos que lutam pela igualdade e não discriminação em função de género, raça, religião e idade”. Lembrando que foi o CDS-PP de Arroios que propôs a iniciativa “fantástica”, nas suas palavras, André Couto afirmou ainda que “os combates pela igualdade e não discriminação têm de ser centrais na sociedade e não podem ser prejudicados, porque quem sofre não o compreenderia. A reflexão e a ação sobre estas questões são o desafio que Campolide deixa a Lisboa e ao país”.