A Polícia Judiciária do Porto deteve esta quarta-feira sete pessoas suspeitas de montar um esquema fraudulento para obtenção e uso indevido de subsídios europeus. Na operação Prazo Final, além das detenções, foram levadas a cabo diversas buscas domiciliárias.
Manuel Martins, conhecido como o “Rolls Royce” do mundo mobiliário, está no centro de toda a teia. O empresário em conjunto com a mulher, o filho, o contabilista e outras três pessoas, “orquestrou um plano que consistia em simular a aquisição de equipamentos ou máquinas industriais como novas, quando na verdade se tratava de equipamento usado”. Ou seja, simulou investimentos superiores aos que tinha feito, uma vez que o valor real das máquinas que efetivamente tinha era “bastante inferior ao declarado nas faturas”, refere a PJ num comunicado enviado às redações.
Nas diligências desta quarta-feira participaram vários investigadores da PJ e da Direção de Finanças do Porto da Autoridade Tributária. A PJ revela ainda que foram realizadas, no total, “22 buscas domiciliárias e não domiciliárias nos Concelhos de Paredes, Paços de Ferreira, Vila Nova de Gaia, Vila do Conde, Santa Maria da Feira e Matosinhos”. Os detidos – cinco homens e duas mulheres – têm idades entre os 25 e os 50.
O esquema que permitiu desviar milhões
O alegado esquema encabeçado por Manuel Martins teve início em julho de 2017, quando o empresário abriu a uma empresa de mobiliário, a “Woodone”. A inauguração não passou despercebida, tendo inclusivamente contado com a presença de Paulo Portas e de várias figuras de relevo de Angola e Moçambique.
A sociedade de Manuel Martins apresentou um projeto de financiamento junto do “Programa Portugal 2020”, tendo recebido cerca de três milhões e cem mil euros de fundos comunitários. Tais fundos tinham o objetivo de fazer face a um investimento que afinal não existia.
Apesar de toda a pompa e circunstância e da promessa de revolução no mundo mobiliário, a “Woodone” acabou por abrir falência logo a seguir, em agosto do mesmo ano. Manuel Martins, que segundo a investigação continua a viver de forma luxuosa, deixou um passivo de 10 milhões de euros, “sendo o Estado Português o mais prejudicado”. No decorrer da operação desta quarta-feira foram apreendidos vários equipamentos informáticos, telemóveis, carros de luxo e vários documentos contabilísticos com interesse para o decorrer das investigações. Os detidos vão ser presentes a primeiro interrogatório judicial nas próximas horas para ficarem a conhecer as medidas de coação.