De onde vem a fortuna de Joe Berardo?

O empresário feito comendador nasceu na Madeira, fez fortuna na África do Sul e tem das maiores coleções de arte na Europa.

José Manuel Rodrigues Berardo está à abeira de completar 75 anos. O nome completo pode não dizer nada ao público em geral, mas corresponde ao de Joe Berardo, a figura que está no epicentro de todas as polémicas. Conhecido por ter começado do nada, e de colecionar de tudo um pouco (desde caixas de fósforos a postais), o empresário indignou deputados e o país ficou «chocado», segundo o primeiro-ministro, com as suas declarações na comissão de inquérito à Caixa. Diz quem o conhece que é mesmo assim.

Nascido na Madeira, Joe Berardo emigrou para a África do Sul, mais precisamente para Joanesburgo, com apenas 19 anos, tendo apostado na área mineira. É na África de Sul que também se cruza com o já falecido  empresário e banqueiro Horácio Roque. Foi seu amigo e chegou a ser seu sócio em hotéis na Madeira. Na passagem pela África do Sul acabou por ficar conhecido como Joe. Construiu a fortuna com a expansão dos negócios, onde se incluiu também o mármore. Pelo caminho iniciou a sua coleção de arte contemporânea, uma das maiores da Europa (segundo a imprensa especialistas) e em 1985 ganhou o título de comendador pela mão do então Presidente Ramalho Eanes.

Durante anos foi um investidor na bolsa portuguesa e é aqui que surge o problema. Joe Berardo comprou um lote de ações do BCP,  em 2007, quando se preparava uma luta de poder pelo banco, com a queda de Jardim Gonçalves e a demissão de Paulo Teixeira Pinto. A 4 de janeiro de 2008, o Público  noticiava que apoiantes de Carlos Santos Ferreira, ex-presidente da Caixa,  tinham pedido empréstimos ao banco público para comprar ações do BCP. Queriam abrir caminho à entrada de Santos Ferreira (com Vara) para liderar o BCP. Santos Ferreira acabou por presidir ao BCP, mas Berardo, viu o investimento desvalorizar em catadupa. Nos últimos anos, deixou de ser um dos mais ricos do País.