As operadoras de telecomunicações ainda aguardam notícias para perceber como se vai desenrolar este ano a difusão de alertas de fogos às populações. É que o sistema de SMS já demonstrou alguns problemas no último ano, mas o novo sistema que o MAI quer implementar ainda está longe de ser posto em prática. O SOL apurou que a nova ferramenta – Cell Broadcast, que permite tirar uma espécie de fotografia do local em que está cada um dos telemóveis – foi encomendada pelos três operadores à Ericsson. Mas atrasos na adjudicação do serviço por parte do Ministério da Administração Interna aos três operadores impedem que a nova solução seja já posta em prática.
No ano passado os alertas por SMS levantaram alguns problemas, havendo casos em que o aviso demorou 12 horas a chegar aos destinatários. Mas, apesar de a época de incêndios estar à porta, as operadoras ainda vão ter de aguardar para que possam ultrapassar os problemas do envio de mensagens escritas – que incluem a precisão da localização dos destinatários, o que é fundamental para o sucesso desta medida.
MAI diz que SMS estão a funcionar
Ao SOL, o Ministério da Administração Interna defendeu que atualmente o sistema de alertas preventivos por SMS está a funcionar, sem fazer qualquer referência aos problemas detetados em 2018: «O sistema nacional de monitorização e comunicação de risco, de alerta especial e de aviso à população é acionado pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) sempre que a avaliação da situação operacional assim o determine. No caso particular dos avisos preventivos à população por SMS, apesar de ainda não ter existido a necessidade de ativação durante o corrente ano, este sistema encontra-se igualmente disponível, podendo ser acionado ao dia de hoje».
A tutela esclarece ainda que no ano passado foram «emitidos cerca de 20 milhões de avisos preventivos por SMS».
«Sempre que é declarado o Estado de Alerta Especial de Nível Vermelho num determinado distrito, os avisos preventivos por SMS são enviados para informar a população que no momento se encontra nesse distrito acerca do risco extremo associado», acrescenta o gabinete de Eduardo Cabrita.
E os estrangeiros, bem como os emigrantes, não têm sido esquecidos, asseguram. «A solução contempla também o envio de avisos para emigrantes e cidadãos estrangeiros, com a particularidade de, para estes casos, ser enviado um aviso bilingue, em inglês e português. Os avisos preventivos por SMS incluem o número de apoio da ANEPC para esclarecimento de dúvidas e não têm qualquer custo para os destinatários», lê-se na resposta enviada ao SOL.
Solução para por fim às falhas
O objetivo desta nova solução executada pela Ericsson é acabar com os problemas que os alertas por SMS já demonstraram ter. Sobre o atraso, dado que o verão se aproxima e com ele a época de maior risco, o Ministério da Administração Interna nada diz, mas confirma o objetivo de melhorar o sistema no decorrer deste ano. Sempre sem estabelecer qualquer data.
«Durante o ano de 2019, este sistema contemplará algumas melhorias técnicas face ao sistema utilizado em 2018, que se irão refletir na sua possível utilização para qualquer tipo de ocorrência (e não apenas para incêndios rurais), num processo mais automatizado e num tempo de preparação mais curto entre a solicitação da ANEPC e o início do envio por parte dos operadores», informa a tutela, anunciando que «este serviço irá também permitir, a médio prazo, a emissão de avisos com base na localização do cidadão para zonas de risco de menor abrangência, permitindo tornar mais rigoroso e preciso o conteúdo dos SMS».
São vários os países no mundo que já utilizam o sistema Cell Broadcast, que funciona como um alerta que aparece no ecrã do telemóvel e que é muito mais rápido a chegar aos destinatários do que as SMS.
Este sistema é imune a atrasos no envio de mensagens em massa, ao contrário do que acontece com o sistema SMS, como se verificou no ano passado.
Por outro lado há desvantagens, dado que poderá haver a hipótese de haver aparelhos que não sejam compatíveis com a receção de avisos por Cell Broadcast.
Confrontado ontem pelo SOL com estas informações, o diretor executivo da Ericsson, Luís Silva, afirmou apenas que «o relacionamento da Ericsson é com as operadoras», acrescentando «não ter conhecimento de qualquer problema».