Numa tentativa de ver o acordo do Brexit aprovado – já chumbado em três ocasiões – a primeira-ministra britânica, Theresa May decidiu oferecer a possibilidade aos deputados de aprovarem a realização de um segundo referendo. Apesar de considerar que “o resultado do primeiro referendo deve ser implementado” May reconhece a importância da Câmara sobre a questão.
May declarou que todos os deputados que pretendam realizar um segundo referendo de confirmação do acordo “devem obrigatoriamente apresentar um acordo" mas para isso é necessário que a proposta de lei seja aprovada primeiro para depois se proceder à ratificação.
Num discurso intitulado “Um novo acordo do Brexit: encontrar um consenso no Parlamento", onde relembra os acontecimentos desde o referendo de 23 de Junho de 2016, a primeira-ministra comprometeu-se não só em garantir a possibilidade de um novo referendo, como em apresentar na nova proposta em junho.
Os direitos dos trabalhadores, a protecção ambiental, a situação entre o país e a Irlanda do Norte e a união aduaneira – área de livre comércio que existe na UE – são alguns dos temas que May abordou e que promete apresentar na nova proposta na tentativa de levar o Brexit para a frente.
A primeira-ministra prometeu manter muitas das coisas que a União Europeia garante, mesmo depois de o país sair. Theresa May garante que não irá ocorrer alterações nos níveis de proteção ambiental, que o governo irá manter um comércio de bens em linha e que as regras para os produtos agrícolas e agro-pecuárias se manterão iguais. “Este acordo não é a palavra final sobre o nosso futuro relacionamento com a UE, é um trampolim para alcançar esse futuro", apelou May.
Durante o discurso, a mulher que luta para ver o seu país sair da UE há quase três anos disse que sempre soube que fazer acontecer o Brexit não seria fácil mas que a realidade “revelou-se mais difícil do que imaginava”.
O discurso da primeira-ministra já está a ser comentado entre os deputados e a população e as opiniões sobre a possível aprovação do novo acordo têm-se mostrado em grande parte negativas.
O líder do partido trabalhista, Jeremy Corbyn disse, em declarações à BBC, que não apoiaria o projeto e que não vê o “novo acordo” a ser aprovado no Parlamento."É basicamente uma repetição do que já foi discutido e não faz nenhum movimento fundamental no alinhamento do mercado, na união aduaneira ou mesmo na proteção dos direitos".
Theresa May's new Brexit deal is a rehash of her old bad deal and Labour cannot support it. pic.twitter.com/C5W1jalDWU
— Jeremy Corbyn (@jeremycorbyn) May 21, 2019
Jacob-Rees Mogg, deputado conservador e líder de um bloco pró-Brexit disse na sua conta de Twitter que “as propostas da primeira-ministra são piores do que as anteriores e que deixariam o país profundamente ligado à União Europeia”.
O político britânico Zac Goldsmith disse que apesar de ter aprovado a última proposta de May, o projeto novo é uma "confusão complicada" e que May deve abandonar o cargo já e não depois do Brexit ser aprovado, como já prometeu publicamente.
I supported the PM’s rotten deal last time as I felt we could then draw a line and select a new PM to pick up the pieces.
But I cannot support this convoluted mess. That it takes us towards a rigged referendum between her deal and no Brexit is just grotesque.
The PM must go.— Zac Goldsmith (@ZacGoldsmith) May 21, 2019
Sem acordo aprovado, os britânicos irão eleger eurodeputados para o Parlamento Europeu, não sabendo se estes chegarão ou não a assumir os seus lugares. Tudo vai depender da aprovação – ou não – dos deputados ingleses ao novo acordo de May.