“Estou a ouvir pequenas coisas sobre o Irão. Se fizeram alguma coisa, vão sofrer imenso. Vamos ver o que acontece com o Irão”, disse Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos (EUA), depois de um jornalista perguntar se estava à procura de uma mudança de regime em Teerão.
Em causa, estava a sabotagem às quatro embarcações petroleiras no passado dia 12 deste mês, à costa dos Emirados Árabes Unidos , no porto de Fujairah. O incidente ocorreu próximo do estreito de Hormuz, a rota que liga os produtores de petróleo do Médio Oriente ao resto do mundo, onde passa um quinto do petróleo consumido globalmente. Um ponto estratégico que Teerão tem repetidamente ameaçado fechar.
É neste contexto que na última quarta-feira, o conselheiro de Segurança Nacional norte-americano, John Bolton, voltou a aquecer as tensões com o país do Médio Oriente, garantindo estar seguro que o Irão implementou minas nos navios. Bolton voltou a não apresentar qualquer prova. “Não vou entrar em detalhes. Isso será algo que os proprietários dos navios, e os países envolvidos, falarão a seu tempo. Mas acho importante que a liderança no Irão saiba que nós sabemos”, disse o conselheiro de Trump durante a visita a Abu Dabi, capital do país onde ocorreu o incidente.
A liderança de Teerão tem negado qualquer envolvimento no ataque aos petroleiros e classificou as acusações de Bolton de “ridículas”, mas não “surpreendentes”, através do seu ministro dos Negócios Estrangeiro, Abbas Mousavi. “O senhor Bolton e outros belicistas e aventureiros do caos, deviam saber que a paciência estratégica, a alta vigilância e prontidão defensiva da República Islâmica, irão prevenir o caos na região dos seus desejos maléficos”, completou Mousavi.
O conflito da administração Trump com Teerão tem crescido desde que Washington retirou as isenções aos maiores importadores do petróleo iraniano, que até lá não estavam ao abrigo das sanções, como a China, a Índia, o Japão, a Coreia do Sul e a Turquia. A intenção é reduzir as exportações da República Islâmica para perto de zero, tirando dessa forma a maior fonte de receita do país. O aumento das sanções está a devastar o Irão, causando escassez de comida e de medicamentos, catapultando a inflação para valores na ordem dos 40%.
O Pentágono, Departamento de Defesa dos EUA, revelou ter informações que mostravam que a Guarda Revolucionária Iraniana era responsável pelo ataque aos petroleiros. “Não posso revelar as fontes desse relatório, exceto dizer com muita confiança que conecta os iranianos [aos ataques]”, enalteceu um membro do Pentágono.
Além disso, no rescaldo das tensões, a Administração norte-americana enviou um porta-aviões, bombardeiros estratégicos (B52) e 1500 tropas adicionais para o Médio Oriente para servirem como “dissuasivo” contra as alegadas ameaças dos iranianos. “O objetivo é tornar claro ao Irão e aos seus aliados que estas ações arriscam uma resposta muito forte por parte dos Estados Unidos”, justificou o conselheiro, dizendo ainda que está a ser “prudente”.
O Presidente dos EUA, durante a sua visita ao Japão, negou querer uma mudança de regime em Teerão, dizendo desejar apenas evitar que o país desenvolvesse armas nucleares.