Verónica Rubio pôs fim à própria vida, no último sábado, depois de um vídeo sexual, com mais de cinco anos se tornar viral entre colegas de trabalho de uma empresa, em Madrid.
De acordo com o jornal espanhol El Mundo, a mulher gravou o vídeo em questão há cerca de cinco anos. Na altura, Veronica tinha 27 anos e era solteira. Agora, casada e com dois filhos, o vídeo voltou a surgir em vários grupos de WhatsApp da empresa CNH Industrial – onde a maior parte dos trabalhadores são homens.
Veronica, que trabalhava na empresa desde 2006 na linha de montagem, fabricando camiões, era até à divulgação do vídeo desconhecida por muitos, mas rapidamente se tornou fácil de identificar como a protagonista de um vídeo pornográfico.
Na altura, para tentar resolver a situação e para evitar que o vídeo chegasse às mãos do marido, Veronica entrou em contacto com os Recursos Humanos. Na altura, a empresa sugeriu apenas que a mulher apresentasse queixa à polícia, mas esta rejeitou para que o assunto não tomasse proporções acrescidas.
De acordo com fonte do CC.OO — Confederación Sindical de Comisiones Obreras-Inicio, uma confederação sindical espanhola que participou na reunião que Veronica teve com os Recurso Humanos, a empresa tratou a situação como "um assunto pessoal e não de âmbito laboral”.
"A empresa estava ciente desta situação de risco no trabalho, pelo menos desde quinta-feira, 23 de maio, e não tomou nenhuma medida preventiva, portanto, a CC.OO acredita que a sua inação foi um fator decisivo no infeliz desfecho que culminou na morte da nossa colega”, declarou a confederação num comunicado citado pelo El Confidencial.
Já ao El Mundo, a empresa apresenta outra versão da história, garantindo que ofereceu à mulher a hipótese de mudar de posto de trabalho ou de colocar baixa médica. Mas Verónica terá rejeitado.
“A maioria de nós viu o vídeo, foi tão difundido que me chegou através de pessoas que não trabalham na empresa”, recordou um colega de trabalho, citado pelo El Español.
Na última sexta-feira, o vídeo terá chegado às mãos do marido de Verónica pela cunhada que trabalhava na mesma empresa.
“A gota de água foi o vídeo ter chegado ao marido. Embora tenha sido gravado antes de se terem casado, na sexta-feira passada disse-me que ficou arrasada quando percebeu que ele o tinha visto”, revelou um amigo de Verónica ao El Mundo.
A morte de Verónica foi considerada como um suicídio por enforcamento. No entanto, esta terça-feira, depois de avançar na investigação e de perceber a existência do vídeo, a Polícia Nacional admitiu que cerca de 2.500 pessoas podem vir a ser acusadas, uma vez que o delito de revelação de segredo é punível pela lei espanhola com uma moldura penal que vai de três meses a um ano de cadeia.