A minissérie Chernobyl, do canal norteamericano HBO, lançou para a ribalta a cidade homónima. No norte da Ucrânia, perto da fronteira com a Bielorrúsia, o território foi alvo do maior acidente nuclear da História: o reator número 4 da central, durante um teste de segurança em que se simulou a falta de energia na estação, libertou doses fatais de radiação. O flagelo pode ter ocorrido em 1986, contudo, até há oito anos, contabilizavam-se 31 mortos diretos, 15 indiretos e mais de 6000 casos de cancro na tiróide.
A ficcionalização do flagelo resultou numa curiosidade exacerbada que fez disparar o denominado “turismo de terror”. Por exemplo, em Pripyat, cidade que ainda luta contra a contaminação nuclear, houve um boom turístico de aproximadamente 40%. Imagens captadas perto de animais e mobiliário, em cima de carris… tudo serve para obter interações na rede social Instagram.
Julia Baessler, influencer, é uma das utilizadoras que mais fotografias e vídeos tem partilhado acerca das visitas que realiza ao local da catástrofe. Há uma semana, a jovem divulgou uma fotografia abraçada a duas idosas, que intitulou de “babushkas” – em russo, significa “velhinha” e também diz respeito aos lenços usados na cabeça – e escreveu que as mesmas decidiram viver na zona de exclusão porque a radiação não se pode “ver, cheirar ou provar” e não “têm noção dos riscos que correm porque não conseguem imaginar um inimigo invisível”.
Сергей Странный, com mais de 10 mil seguidores, também fez questão de visitar a unidade de energia e sublinhar que estava “sozinho” e explicar que ficou triste por conseguir somente “tirar fotografias com o telemóvel”. O homem, que se descreve como “stalker experiente de Chernobyl”, acrescentou ainda que só se compreende o fenómeno ao “visitar o local”.
Recorde-se que, atualmente, 2 milhões e 400 mil ucranianos sofrem de problemas de saúde devido ao desastre. 6% do PIB do país é destinado aos efeitos da tragédia, como o pagamento de indemnizações às vítimas.