O Reino Unido juntou-se aos Estados Unidos na atribuição das culpas ao Irão pelo ataque aos petroleiros no Estreito de Ormuz, no Golfo de Omã, na passada quinta-feira.
“Nós fizemos a nossa própria avaliação de inteligência. Temos vídeos do que aconteceu. Nós vimos as provas. Não acreditamos que mais ninguém o possa ter feito”, disse Jeremy Hunt, ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, à BBC.
De acordo com as Forças Armadas norte-americanas, as filmagens divulgadas pelos militares mostram a Guarda Revolucionária iraniana a remover uma mina do petroleiro japonês, Kokura Corageous, uma das embarcações atingidas pelo ataque. No entanto, o presidente da empresa que detém o petroleiro japonês negou a utilização de minas nos ataques, porque as explosões foram “bem acima da linha naval”, salientando que a tripulação do navio tinha avistado objetos voadores antes da explosão, em conferência de imprensa na sexta-feira.
O caso tem dado que falar no Reino Unido, depois de Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, criticar o aumento de tensões entre Washington e Teerão. “O Reino Unido devia agir para aliviar as tensões no Golfo, e não alimentar uma escalada militar que começou com a retirada [dos EUA] do acordo nuclear com o Irão”, disse Corbyn através do Twitter. “Sem provas credíveis sobre o ataque aos petroleiros, a retórica do Governo só aumentará a ameaça de guerra”.
Os comentários do líder trabalhista tiveram a resposta imediata dos conservadores, incluindo de Hunt: “Patético e previsível. De Salisbury ao Médio Oriente, porque é que ele nunca apoia os aliados britânicos, a inteligência britânica e os interesses britânicos?”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico pelo Twitter. “Para o Jeremy Corbyn é tudo culpa da América”.
Sublinhe-se que esta é a segunda vez, em pouco mais de um mês, que a Administração de Donald Trump, Presidente dos EUA, culpa Teerão pelos ataques aos petroleiros naquela zona do globo. É a primeira vez que apresentam alegadas provas do envolvimento iraniano, enquanto a República Islâmica nega qualquer ação contra as embarcações.
“Temos de desistir da ideia de que se os EUA entrarem em guerra, especialmente quando engendradas por neoconservadores como John Bolton [conselheiro de Segurança dos EUA] temos que parar para pensar”, avisou a secretária sombra para os Negócios Estrangeiros do Partido Trabalhista, Emily Thornberry, à BBC. “Cometemos um erro terrível no Iraque e não devemos cometer o mesmo erro”.
O ataque terá ocorrido quando o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, estava em visita oficial à República Islâmica, com objetivo expresso de “suavizar as tensões”.