A Conferência Internacional do Trabalho conta com 108 anos de História. Até 21 de junho, em Genebra, na Suíça, serão discutidas questões como a violência e o assédio laborais ou a liberdade sindical. Nestas sessões de debate, têm estado presentes personalidades nacionais como o primeiro ministro António Costa e o Ministro do Trabalho Solidariedade e Segurança Social, José António Vieira da Silva.
No âmbito desta conferência, o presidente da CGTP – confederação sindical fundada há quase cinquenta anos, que se autodefine como unitária e independente – Arménio Carlos, interveio, esta terça-feira, e abordou princípios que considera basilares, como a “condição humana”. Na sua ótica, estes estão a “ser postos em causa por aqueles “que, subvertendo o conceito de “modernidade” e recorrendo, às chamadas plataformas digitais, promovem a desregulação da legislação laboral e impõem condições de trabalho próximas da servidão, para obterem o lucro máximo com custos mínimos”, pode ler-se no documento a que o SOL teve acesso.
O antigo eletricista da Carris adiantou que, desde 2009, existiram “situações de retrocesso social e civilizacional”, como a passagem da troika por Portugal: “o nosso país foi vítima de políticas de crueldade social que, para manterem os banqueiros e os especuladores a viver acima das suas possibilidades, puseram os trabalhadores e o povo português a viver abaixo das suas necessidades”, esclareceu no decorrer do seu discurso.
Na mesma intervenção, o ex-dirigente e líder, respetivamente, do Sindicato dos Transportes Urbanos de Lisboa e da União de Sindicatos de Lisboa realçou que o Governo lusitano tinha “uma obsessão” pelo “défice zero” e por “uma divida pública que tarda em ser renegociada e que está a originar problemas nos serviços públicos, na resposta às reivindicações dos trabalhadores e ao desenvolvimento económico e social do país”.
O membro do comité central do PCP, que chegou a representar o partido durante três meses, em 1993, não poupou críticas ao estado político da nação, afirmando que “o País não se desenvolve nem fica mais coeso socialmente com a atual proposta de revisão da legislação do trabalho do Governo que fomenta a precariedade, desregula os horários de trabalho e nega o direito fundamental à contratação coletiva, ao manter a caducidade das convenções coletivas e ao não repor o princípio do tratamento mais favorável aos trabalhadores”.
O dirigente da CGTP, desde janeiro de 2012, deixou claro que “é preciso fazer opções e assumir responsabilidades sociais. O futuro do trabalho é indissociável da justiça social e da valorização dos trabalhadores”.