Um dia depois da justiça holandesa acusar três russos e um ucraniano de matar as quase 300 pessoas a bordo de um avião da Malasyan Airlines, abatido na Ucrânia em julho de 2014, o primeiro-ministro malaio, Mahathir Mohamad, condenou a decisão como “ridícula”. “Desde o início que se tornou um assunto político como acusar a Rússia”, disse Mahathir. O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, respondeu às declarações: “Imagino que os familiares [das vítimas] naturalmente ficarão por isso e que cause confusão”.
Recorde que o MH17, que ia de Amsterdão a Kuala Lumpur, terá sido alvo de um míssil antiaéreo Buk, de fabrico russo, segundo a investigação internacional liderada pela Holanda, onde também participa a Malásia. Os quatro arguidos, todos com ligação às secretas e às forças armadas russas, foram considerados instrumentais em trazer o lança-mísseis que abateu o avião malaio da Rússia para a Ucrânia, bem como da organização do ataque.
Corroborando as acusações, os investigadores divulgaram escutas de um chamada entre Igor Girkin, o considerado o líder dos restantes acusados, a pedir material antiaéreo a Sergei Aksenov, o responsável russo pela recém-anexada península da Crimeia. Ainda assim, o Presidente russo, Vladimir Putin, negou qualquer responsabilidade russa no crime, à semelhança do primeiro-ministro malaio, que insistiu que “até agora não há provas, só rumores”.
Questionado, Mahathir negou que a sua reação tenha algo a ver com a venda de óleo de palma, um importante recurso económico do país, mas com grandes custos ambientais. Vários jornais malaios avançaram que a Rússia estaria disposta a comprar óleo de palma a troco da renovação do equipamento militar da Malásia, num momento em que a Comissão Europeia recomendou a diminuição do uso deste recurso, por causar desflorestação excessiva.