Mais um doente morre após queda em Santa Maria

Centro Hospitalar Lisboa Norte confirma ao SOL o incidente, garantindo que o caso está a ser analisado internamente. Caso aconteceu poucos dias após a morte de Ruben de Carvalho.

Tinham passado poucos dias desde a morte de Ruben de Carvalho, quando, no início da última semana, no serviço 8 – pneumologia do Hospital de Santa Maria um doente caiu da cama durante a noite – provocando um grande aparato entre doentes e profissionais de saúde. Ao que o SOL apurou, devido à força do impacto, o homem que estaria internado para controlo de plaquetas acabou por ser sujeito a uma cirurgia, sem grande sucesso.

Confrontado pelo SOL, o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) confirmou a situação, adiantando que este tipo de situações é visto com preocupação e que a mais recente morte está a ser alvo de uma averiguação interna.

«O CHULN, tendo presente e assumindo com preocupação que a ocorrência de quedas representa um importante elemento de risco identificado em ambiente hospitalar, tem implementado um sistema de monitorização e notificação de incidentes adversos em contexto clínico, nomeadamente as quedas», referiu, acrescentando: «O caso em apreço foi objeto de notificação neste âmbito e está em processo de análise».

A mesma fonte acrescentou ainda que tendo em conta os dados até agora recolhidos a queda aconteceu apesar de verificados todos os procedimentos de segurança.

«A avaliação preliminar da situação em causa aponta para que a queda tenha ocorrido apesar das medidas de prevenção e segurança implementadas com efetividade, nomeadamente a colocação e devido encerramento das grades da cama, e que a abordagem clínica integrada do caso foi imediata e especificamente dirigida à situação», concluiu o centro hospitalar, não respondendo se está ou não a prestar algum tipo de apoio aos familiares da vítima, nomeadamente à filha que vive no estrangeiro e teve de vir para Portugal. Também não foram avançados quais os números de mortes provocadas por quedas e incidentes desta natureza.

Todos os anos se registam em Portugal mais de sete mil quedas, sendo mesmo o incidente mais frequentemente reportado. Segundo dados da Direção-Geral da Saúde revelam que entre 2015 e 2017 registaram-se 22.799 casos, de um total de 47.090 incidentes – que incluem indicadores como erros de medicação, úlceras de pressão, identificação do doente e cirurgia segura.

 No que toca a quedas, em 2015 registaram-se 7001 episódios, em 2016 foram 8826 e em 2017 o número desceu para 6952. Apesar de todos os cuidados, levados a cabo pelas unidades hospitalares, este tipo de incidentes continua a ter uma grande expressão.

Dada a dimensão do problema, o Plano Nacional para a Segurança dos Doentes 2015-2020 determina que no final do próximo ano «95% das instituições prestadoras de cuidados de saúde» tenham implementado «práticas para a prevenção e redução da ocorrência de quedas» e que «o número de quedas nas instituições do Serviço Nacional de Saúde ou com ele convencionado» tenham reduzido «50% em cada ano, face ao ano anterior».

 

Morte de Ruben de Carvalho investigada

Ruben de Carvalho morreu no dia 11 de junho enquanto estava internado no Hospital de Santa Maria. Dias antes, ainda no hospital, entrara em coma após uma queda, o que levou a família a questionar a atuação do hospital. Como resultado, o Ministério Público (MP) abriu já um inquérito e o hospital iniciou uma investigação interna.

Se o adiamento do funeral do político já levantava suspeitas – realizou-se cinco dias depois da morte, porque o corpo teve de ser autopsiado –, esta semana, os contornos da morte do histórico dirigente do Partido Comunista Português (PCP) adensaram-se, com a vinda a público de novos elementos. De acordo com o Observador, o antigo chefe de redação do Avante! deu entrada no hospital com queixas na vesícula. Mas, durante o internamento Ruben de Carvalho sofreu  uma queda e terá batido com a cabeça – algo que partilhou com a mulher, Madalena Santos, aliás, no mesmo dia, durante uma visita.

Da queda, horas mais tarde, resultou o pior: Ruben de Carvalho entrou em coma. Três semanas depois veio a morrer.

A morte do antigo dirigente do PCP foi inicialmente divulgada pelo partido num comunicado. Na nota, lia-se que a morte tinha sido «consequência de problemas de saúde que exigiram internamento hospitalar», uma informação que foi confirmada mais tarde, nesse mesmo dia, pelo hospital.

 

com Beatriz Dias Coelho