O advogado Magalhães Sant’Ana, que está a representar os últimos moradores do Prédio Coutinho admite processar criminalmente os autarcas de Viana do Castelo e a VianaPolis, que é detida em 40 por cento pela autarquia presidida pelo socialista José Maria Costa, se acontecer algum problema irreversível de saúde entre os seus clientes, de avançada idade.
Segundo aquele mesmo causídico, que admite ir até ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, caso seja desligada a eletricidade, já depois de ter sido cortada a água e o gás a todos os moradores, há habitantes com problemas asmáticos que têm de usar os aparelhos todos os dias, o que deixará de ser possível se ficarem sem corrente elétrica, conforme tem sido ventilado, ao longo das últimas horas, em redor do edifício, em Viana do Castelo.
Magalhães Sant’Ana afirmou aos jornalistas que “ninguém ignora estando uma casa às escuras, com pessoas de oitenta e muitos anos que têm dificuldades de locomoção, podem sofrer uma queda, e por isso eu nem quero acreditar que alguém decida cortar-lhes a luz”.
“Um eventual corte de eletricidade seria uma situação muito gravosa, eu diria até dolosa, porque o risco que isso pressupõe para os moradores é tremendo, insisto que uma pessoa às escuras, com dificuldades de locomoção pode ter um acidente com muita facilidade, há pessoas a sofrer de problemas respiratórios que têm aparelhos de auxílio à respiração que são alimentados a eletricidade, se nós chegarmos a esse ponto há, sem dúvida, uma responsabilização criminal por qualquer coisa que possa ali acontecer”, disse o advogado.
Esta quarta-feira à tarde os moradores foram visitados pelo médico Costa e Silva, perito médico-legal, segundo o qual, o corte de eletricidade “pode ser fatal para uma moradora”, que sofre de asma e apneia de sono, alertando para um “a existência de problema de saúde pública”, uma vez que há onze pessoas há dois dias sem água, que não podem lavar-se e nem sequer têm como descarregar os dejetos das necessidades fisiológicas nas suas casas.
VianaPolis processa moradores Entretanto, a empresa VianaPolis fez saber ao final da tarde desta quarta-feira que vai já avançar com queixas crime por alegadas “desobediências a ordem legítima confirmada judicialmente” contra os últimos moradores do Prédio Coutinho, salientando a empresa de capitais públicos “não abdicar de dar continuidade ao procedimento de desocupação do Edifício Jardim”, pelo que “dará instruções ao seu advogado no sentido de preparar as competentes queixas crime por desobediência a ordem legítima confirmada judicialmente e para os elevadíssimos prejuízos que toda a ocupação ilegítima, que já dura há anos, tem estado a implicar, seja objeto de ação judicial com vista ao seu respetivo ressarcimento”.