Uma mulher no Alabama foi acusada de homicídio do seu feto, por ter sido baleada no estômago e ter perdido o filho. Um júri do Condado de Jefferson acusou a mulher de 27 anos de iniciar a briga que levou ao tiroteio e condenou o feto à morte.
Marshae Jones estava grávida de cinco meses, em dezembro do ano passado, quando entrou numa discussão com outra mulher, Ebony Jemison, à porta de uma loja. O tenente da polícia, Danny Reid acusou Marshae de ter “iniciado e continuado a luta que resultou na morte de seu próprio bebé”, noticiou a CNN. Segundo o responsável, Jemison procurou uma forma de se defender e não considera a grávida uma vítima.
Apesar da decisão do júri, o caso pode não ir para a frente. De acordo com o procurador distrital de Bassemer Cutoff, Lynneice Washington, "embora o Grande Júri tenha dado a sua opinião, o nosso escritório está em processo de avaliação do caso e ainda não determinou se o vai julgar como um homicídio, reduzi-lo a uma acusação menor ou optar por não processá-lo”.
O caso tem gerado muita polémica, não só pela situação em si, mas também por ter ocorrido no Alabama. Recorde-se que no mês passado, o estado aprovou a mais rígida lei de aborto do país, que torna praticamente todos os abortos ilegais. A lei diz que os médicos que realizam abortos ilegais podem enfrentar até 99 anos de prisão.
Os críticos defendem que o estado norte-americano coloca os fetos à frente das mulheres e Marshe é apenas mais um exemplo que comprova isso. "Marshae Jones está a ser acusada de homicídio por estar grávida e ter sido baleada enquanto se envolvia numa briga com uma pessoa que tinha uma arma", disse a diretora executiva do Fundo Yellowhammer, uma organização que ajuda as mulheres que não podem pagar abortos a realizá-los.
"O estado do Alabama provou mais uma vez que no momento em que uma pessoa fica grávida a sua responsabilidade exclusiva é produzir um bebé vivo e saudável e que considera qualquer ação que uma pessoa grávida faça que possa impedir esse nascimento, seja um ato criminoso”, acrescenta Amanda Reyes.