Uma mulher em trabalho de parto foi na manhã deste sábado "aconselhada" a conduzir de Portimão para Faro em veículo próprio, na sequência do encerramento do bloco de partos no Hospital de Portimão no passado fim de semana. O médico que a atendeu considerou ainda que não era necessário, apesar do iminente nascimento, proceder à chamada de uma ambulância.
"Parabéns ao hospital de Portimão. Duas horas atrás entrei em trabalho de parto dez dias antes da data prevista, vim com o meu marido às Urgências do Barlavento, o médico mandou-nos para Faro com o nosso carro, explicando que não há médico [obstetra]. Agora estou com a água a escorrer pelas pernas abaixo, a sair de Portimão, desculpem mas é a realidade, assustada, tanto eu como o meu marido. Obrigada a esta cidade por tudo!", escreveu Victoria Borozan, cidadã originária da Moldávia, num grupo na rede social Facebook.
O encerramento do bloco de partos no Hospital de Portimão foi decretado no passado fim de semana, com várias grávidas a ser transferidas para outros hospitais, como Faro ou Évora, nos últimos dias. O conselho de administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) admitia, no passado dia 6, haver "dias inteiros sem um único pediatra ou obstetra na escala de serviço da maternidade de Portimão" durante os meses de verão – 11 em julho, dez em agosto e 12 em setembro, segundo apontou ao "Público" o secretário regional do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), João Dias. “Os bombeiros e o INEM são, ou devem ser, informados que devem ir diretamente para Faro”, explicou então o responsável. Aparentemente, a julgar pela denúncia de Victoria Borozan, nem todos os responsáveis estarão a colocar em prática esta recomendação.