Na sequência do artigo anterior, recomecemos pelas paredes-mestras, por ordem cronológica:
O professor doutor Severiano Teixeira abriu o IDN à ‘Academia’, facto não alheio à sua experiência de trabalho no IDN e no meio académico, mas também demonstrou capacidade de iniciativa e de cativar as universidades e seus docentes para as temáticas (então ainda ‘herméticas’) da defesa e segurança.
Contactos privilegiados possibilitaram ‘condimentar’ plenamente a sua ação enquanto diretor do IDN.
O professor doutor Marques de Almeida, talvez por ter feito grande parte da sua formação académica no Reino Unido, mas certamente pelas suas qualidades pessoais e académicas, trouxe jovialidade ao instituto e perspetivas de análise inovadoras. Nunca descurou o importante papel que a economia tem nas questões de defesa e segurança.
O professor doutor António Telo possui solidez de saberes e rara capacidade de análise crítica daquilo que vai acontecendo no sistema político internacional, como fica sobejamente atestado na sua vasta obra.
Enquanto diretor do IDN centrou muito da sua ação em torno do pensamento estratégico em Portugal, convidando múltiplos atores – passados, presentes e futuros – para refletirem sobre temas prementes nas áreas da defesa e segurança.
Os restantes (pilares) do IDN:
– O general Cabral Couto, ‘O incrementador’, assumiu funções por altura da queda do Muro de Berlim, num período de profundas mudanças e inúmeras incertezas no sistema político internacional. Implementou grandes alterações nos conteúdos dos cursos do IDN e diligenciou um leque muito abrangente de conferências e seminários envolvendo reputados especialistas estrangeiros, sobre as consequências da nova ordem internacional para Portugal.
Foi um período de fortes reformas no MDN e nas Forças Armadas, sendo que o IDN se adaptou ao novo contexto e foi capaz de, em tempo recorde, fazer uma vasta produção editorial resultante de reflexões de grande qualidade.
– O tenente-general Garcia Leandro, ‘O exportador’, cimentou a agenda internacional do IDN, aprofundando e alargando a participação do instituto em diversos fora de discussão, importando-lhe prestígio e credibilidade.
Foi na sua direção que o IDN, pela primeira vez, colaborou nos trabalhos tendentes à elaboração do ‘conceito estratégico de defesa nacional’, e que avançou o Curso de Defesa para Jovens, destinado a sensibilizá-los para essa temática.
– O major-general Vítor Viana, ‘O concretizador’, foi um diretor excecional.
Levou a cabo um projeto inovador, assente numa cooperação entre o IDN e o Ministério da Educação, e que vai já na 14.ª edição: a ’Ação de Formação em Segurança, Defesa e Paz: um projeto de todos para todos. O referencial para a educação pré-escolar e para os Ensinos Básico e Secundário’. Destina-se a professores de diferentes níveis de ensino, com o objetivo de os dotar de cultura estratégica e sensibilizar para a segurança e defesa nacional. Assim se fizeram chegar estas temáticas a jovens de ‘tenra idade’, que devem ser um público-alvo privilegiado das ações do IDN, como defendo há muito. Nestas idades os jovens são muito recetivos à aprendizagem e não estão condicionados por complexos ou preconceitos.
– O major-general Vítor Viana consolidou sobremaneira o IDN enquanto principal centro do Estado ao nível do pensamento estratégico, enquanto plataforma de encontro entre a sociedade e as instituições que refletem sobre segurança e defesa, e enquanto centro de investigação que privilegia as prioridades estratégicas da política de defesa nacional.
Concretizaram-se estudos geopolíticos e prospetivos, ou relacionados com a formulação de uma estratégia nacional de ciberdefesa, ou ainda sobre a inserção de Portugal no mundo; e ao mesmo tempo funcionaram grupos de estudo com especialistas nacionais e estrangeiros.
E o que dizer sobre os múltiplos cursos realizados? Permitimo-nos apenas enfatizar que, além dos tradicionais – já mencionados -, foram concretizadas pós-graduações em parceria entre o IDN e universidades portuguesas.
Muito mais haveria a mencionar sobre o IDN, mas pensamos já ter dito o suficiente para entendermos estar perante uma instituição que nada tem a ver com o ESM nem com a estrutura das Forças Armadas, mas que se tem vindo a afirmar como uma plataforma de conhecimento fundamental para o Estado e a sociedade portuguesa.
Terminamos manifestando o nosso agrado pela escolha da nova diretora, que ‘encaixa’ plenamente no perfil que havíamos definido, e possui qualidades e atributos para desempenhar o cargo com excelência. O que, Em Nome da Verdade, francamente desejamos.
*Major-General Reformado