Israel lançou esta segunda-feira, na vila de Sur Baher, a maior operação de demolição de edifícios palestinianos dos últimos anos. São dezenas os edifícios cuja destruição está prevista por se localizarem perto do muro que separa a fronteira israelita da Faixa Ocidental, nos arredores de Jerusalém. De acordo com as Nações Unidas, a operação afeta cerca de 350 pessoas. Só este ano, Israel já demoliu 63 unidades habitacionais na Cisjordânia, quase o dobro do ano passado durante o mesmo período.
No mês de junho, o Supremo Tribunal israelita disse que os edifícios estavam a ser construídos ilegalmente e deu até sexta-feira passada para os residentes saírem dos seus lares, numa disputa judicial que já durava há anos. Os edifícios encontram-se tanto dentro dos limites dos territórios ocupados por Israel em Jerusalém Oriental como na parte palestiniana da Faixa Ocidental.
“O que está acontecer hoje é o deslocamento em massa de pessoas”, apesar “das tentativas legais e diplomáticas para proteger as propriedades”, defendeu Ali al-Obeidi, representante comunitário, a uma agência de notícias local.
Por sua vez, o ministro da Segurança Interna israelita, Gilad Erdan, disse que a operação envolvia cerca de 700 polícias e 200 soldados. Erdan defendeu à Rádio do Exército de Israel que as habitações eram ilegais e que constituíam “uma ameaça de segurança séria que pode fornecer cobertura a bombistas suicidas e a outros terroristas escondidos entre a população civil”, alegando querer proteger as suas tropas.
No entanto, os palestinianos acusam Israel de usar pretextos securitários para expulsar a população do lado da Faixa Ocidental. Nas eleições de abril deste ano, Benjamin Netanyahu prometeu que iria anexar os colonatos israelitas nas zonas ocupadas por Israel. A acusação dos palestinianos é partilhada pela comunidade internacional, que já muitas vezes chamou a atenção das autoridades israelitas para a ilegalidade dessas ações – razão pela qual a União Europeia defendeu num comunicado, esta segunda-feira, que “a continuação desta política debilita a solução a dois Estados e a perspetiva de uma paz duradoura”.
Os proprietários palestinianos alegam que a maior parte dos edifícios se encontram nas delimitações geográficas governadas pela Autoridade Palestiniana, que exerce um controlo limitado sobre a Faixa Ocidental, e que têm autorização da mesma para lá viverem. “Tinha uma permissão da Autoridade Palestiniana. Pensava que estava a fazer a coisa certa”, reclamou um residente, enquanto os bulldozers destruíam os edifícios.
“Eles têm estado a expulsar as pessoas dos seus lares à força e começaram a colocar explosivos nos edifícios que querem destruir”, acusou Hamada Hamada, um líder comunitário, à Reuters.
Israel construiu um muro (que terá cerca de 720 quilómetros quando for completado) que separa a Faixa Ocidental da fronteira israelita no início do milénio, invocando querer proteger a sua população do terrorismo. Por outro lado, é cada vez mais reconhecido pela comunidade internacional que o muro faz parte de uma política de apartheid e segregação racial.
Israel capturou a Faixa Ocidental em 1967, na Guerra dos Seis Dias, incluindo a zona leste de Jerusalém. À luz da lei internacional, as áreas são consideradas territórios ocupados.
*Editado por José Cabrita Saraiva