Pedro Sánchez perdeu a votação da sua investidura como primeiro-ministro espanhol. O líder do PSOE recusou a oferta de última hora dos seus potenciais parceiros do Unidas Podemos, que aceitou renunciar a ficar à pasta do Trabalho, caso lhe cedessem "as competências da políticas ativas do emprego". Ou seja, a pasta do Trabalho, mas sem a segurança social. Algo que mostrou o quão central o tema era para as negociações entre o PSOE e o Unidas Podemos – que pretendia ter poder para "subir o salário mínimo interprofissional e revogar a reforma laboral do Partido Popular (PP)", que flexibilizou os laços contratuais entre trabalhador e empregador.
O Unidas Podemos acabou por se abster, impedindo Sánchez de obter maioria. "Nunca houve problemas de programa que impedissem o acordo", afirmou afirmou o líder do PSOE, acrescentando que "o problema foram os ministérios". "De que serve uma esquerda que perde inclusivamente quando ganha?", perguntou Sánchez a Iglesias. "Vai impedir que haja um Governo progressista?". Já Iglesias acusou o PSOE de querer negociar um acordo de Governo em 48h, quando não o fez nos 80 dias até à investidura. "Acha que nestes meses falou connosco com o respeito com que se fala com os seus sócios de Governo? Merecemos respeito", salientou Iglesias.
Á margem do duelo entre Sánchez e Iglesias, os restantes líderes políticos não coibiram de lançar críticas ao processo. "Tinha um mandato do Rei senhor Sánchez, e fracassou", rematou líder dos Ciudadanos, Albert Rivera. "A sua investidura é a história de um grande fracasso", notou o líder do PP, Pablo Casado. Já do lado dos independentistas catalães, Gabriel Rufián, da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) – que admitiu abster-se para permitir um acordo entre o Unidas Podemos e o PSOE "a troco de nada" – lamentou: "Vamo-nos arrepender, toda a esquerda".