Um novo estudo mostra que os investidores têm tendência a colocar mais dinheiro em regimes autoritários liderados por alguém com uma educação sólida.
Segundo as conclusões de uma investigação do Instituto para as Economias em Transição do Banco da Finlândia, citada pela Bloomberg, se o ditador “for formado em economia e tiver experiência no ramo dos negócios, as hipóteses de atrair investimentos são maiores”.
O estudo analisou dados de investimento estrangeiro direto em 100 países liderados por ditadores entre os anos 1973 e 2008. “A incompetência afasta mais o investimento do que o risco de expropriação”, concluem os autores da investigação. “Não encontramos relação entre a idade dos ditadores e a experiência política anterior e entradas de investimento estrangeiro direto”, acrescentam.
A investigação revela que, em países onde as escolhas políticas dependem de uma só pessoa, as características individuais do líder têm um maior impacto nos investidores do que propriamente as instituições. Isto porque, segundo os autores, a experiência pessoal de um ditador ajuda a prever potenciais escolhas políticias.
“A ditadura é, em certa medida, o reinado da discricionariedade. Mesmo existindo variações no poder discricionário entre as ditaduras, a margem de manobra, em termos de políticas, é maior do que nas democracias”, descrevem os autores do estudo.
Coreia do Norte em crise Um dos países que poderão fazer parte da análise do Banco da Finlândia é a Coreia do Norte. A economia deste regime ditatorial parece já ter visto melhores dias: um professor de economia na Universidade Nacional de Seul, na Coreia do Sul, estima que a economia do país liderado por Kim Jong-un encolheu mais de 5% no ano passado.
“Enquanto as sanções permanecerem, os EUA levam vantagem”, disse Kim Byung-yeon, na antecipação do relatório anual do banco central da Coreia do Sul sobre o seu vizinho do norte, que deverá ser revelado ainda este mês. “As sanções são o meio mais efetivo de levar a Coreia do Norte às negociações. Portanto, não devem ser suspensas ou aliviadas sem grandes progressos na desnuclearização”, acrescentou.
O apoio da China às sanções internacionais impostas, após o sexto teste nuclear do país liderado por Kim Jong-un, em 2017, acabou por fazer uma grande pressão na economia da Coreia do Norte: as importações da China caíram 90% face ao ano anterior, para apenas 195 milhões de dólares em 2018, revela a Associação de Comércio Internacional da Coreia. As exportações também foram afetadas.
As sanções também tiveram um impacto no combustível importado por Pyongyang, que passou de cerca de 3,9 milhões de barris em 2015 para 500 mil no ano passado, revela a Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA). A falta de combustível também está a afetar a agricultura local: segundo dados do Programa Mundial de Alimentos da ONU, em 2018, os agricultores tinham cerca de 90 mililitros de combustível por dia para cultivar uma área do tamanho de dois campos de futebol.
Recorde-se que, no ano passado, o Banco da Coreia estimou que, em 2017, a contração económica da Coreia do Norte tinha sido de 3,5%. Se as estimativas do professor de economia da Universidade de Seul se confirmarem, o país estará na pior situação económica desde 1997 – uma altura em que a situação de fome era tão grave que alguns desertores relataram situações de canibalismo.
O Banco da Coreia não quis comentar os números avançados pelo académico, alertando para a divulgação do relatório oficial muito em breve.