Uma luta entre organizações criminosas resultou em vários motins num estabelecimento prisional no estado do Pará, provocando a morte a 52 presos. O massacre desta segunda-feira foi o segundo maior registado em prisões brasileiras este ano. Segundo os responsáveis da prisão, 16 pessoas foram decapitadas e as restantes morreram por asfixia. Nos confrontos houve dois guardas prisionais reféns, que foram posteriormente libertados após uma negociação com as autoridades.
O conflito entre as fações rivais deu-se no Sistema Penitenciário do Pará (Susipe). De acordo com a Superintendência da Susipe, o motim começou por volta das sete da manhã e durou cerca de cinco horas. A luta era entre os membros do Comando Vermelho e do grupo conhecido como Classe A.
Segundo os relatos das autoridades, os membros da Classe A invadiram o espaço do Comando Vermelho – no local onde tomavam o pequeno almoço -, depois das suas celas terem sido destrancadas. Após matarem parte dos membros do Comando Vermelho, atearam fogo ao pavilhão onde estes se encontravam. “Nós encontrámos corpos decapitados e outros mortos por asfixia”, disse o Superintendente, acrescentando que não foram encontradas armas de fogo.
As regiões do Norte e do Nordeste do Brasil têm sido palco de muita violência resultante da rivalidade entre várias organizações que disputam as rotas do tráfico de droga. Nestas disputas estão fações como o Primeiro Comando da Capital, criada em São Paulo, o Comando Vermelho, originário do Rio de Janeiro, a Família do Norte, organização do estado do Amazonas, e do Comando Classe A – organizações que têm já tentáculos fora das fronteiras daquele país. Estas duas regiões do Brasil são estratégicas para o escoamento de drogas para a Europa e, ao mesmo tempo, uma rota de transporte para as drogas produzidas na Colômbia e no Peru. Tendo em conta que estes grupos recrutam dentro das prisões, os conflitos atrás das grades têm sido frequentes dentro do sistema prisional.
Uma disputa interna pela liderança da Família do Norte também teve um final trágico no final de maio na cidade de Manaus. Foram assassinadas 55 pessoas – o maior massacre deste ano.
Muitos destes conflitos são potenciados pela sobrelotação das prisões estaduais. O Brasil tem a terceira maior população prisional do mundo (700 mil presos), seguido dos Estados Unidos e da China.
*Editado por Carlos Diogo Santos