A nomeação do congressista John Ratcliffe como Diretor de Inteligência Nacional (DNI, na sigla em inglês), tem levantado críticas tanto entre democratas como republicanos. Em questão não está apenas a suposta falta de experiência, mas também o receio de que a nomeação injete mais política partidária no trabalho das secretas. Terá sido isso que levou o republicano Richard Burr, presidente do comité do Congresso para as secretas, a opôr-se à nomeação de Radtcliffe, segundo fontes familiares disseram à Time. A recomendação terá sido ignorada pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusado de tentar consolidar o seu controlo sobre o aparelho de espionagem norte-americano.
“[Ratcliffe] foi escolhido por ter mostrado lealdade cega ao Presidente Trump”, acusou o líder dos democratas no Senado, Chuck Schumer. Algo que terá sido notório a semana passada, na audiência ao procurador especial Robert Mueller, encarregue de investigar a alegada interferência russa nas eleições de 2016, contra a adversária de Trump, Hillary Clinton. Na audiência, Ratcliffe chegou a sugeriu que o verdadeiro alvo dos russos teria sido Trump.
Recorde-se que o antecessor de Radtcliffe, Dan Coats, foi frequente e publicamente crítico do Presidente – apesar de ser proximo do vice-Presidente, Mike Pence. Coats recusou negar que a Rússia tenha interferido nas eleições de 2016, e manteve a sua convicção que o Irão cumpriu com o acordo nuclear de 2015, de que Trump saiu em 2018. O Presidente também não ficou contente com os avisos das secretas quanto aos riscos do programa nuclear da Coreia do Norte – num momento em que Trump estreitava relações com Kim Jong-un.
“A missão das agências secretas é dizer a verdade ao poder”, afirmou o democrata Mark Warner, do comité das secretas do Senado. “Dan Coats manteve-se fiel a essa missão”, garantiu. Muitos têm dúvidas de que o seu sucessor faça o mesmo.