Quando Boris Johnson foi nomeado líder do Partido Conservador e Unionista – e como tal primeiro-ministro britânico – os seus entes queridos observaram da plateia, enquanto o ex-presidente da Câmara de Londres subia ao palco. A ausência mais notória foi a da sua namorada, Carrie Symonds, de 31 anos, com quem Boris teve uma disputa doméstica que fez manchetes durante a sua campanha. Talvez Symonds estivesse a observar e a coordenar as coisas nos bastidores, bem longe das câmaras – como fez ao longo da sua bem-sucedida carreira como diretora de comunicação dos conservadores. Enquanto os tabloides britânicos a apresentam como a namorada do novo primeiro-ministro – referindo-se a ela como «a loira platinada que meteu Boris em forma», como fez o Express – poucos dirigentes conservadores duvidam da ambição e capacidade de Symonds, que em 2018 chegou a ser nomeada a segunda mais influente pessoa na comunicação política do Reino Unido, pela revista PR Week. Agora, Symonds vai mudar-se para Downing Street com Johnson, o primeiro chefe de Executivo britânico que não é casado (se excluirmos o duque de Grafton, no século XVIII, que se divorciou e voltou a casar enquanto dirigia o país). Symonds enfrenta uma batalha complicada para conquistar o público britânico, habituado a casais de meia-idade com casamentos estáveis – como era o caso da anterior primeira-ministra, Theresa May, e do seu marido, Philip May.
Sobrevivente
No que toca a lidar com a imprensa, Symonds já nasceu com bons contactos. Filha de Matthew Symonds, um dos fundadores do The Independent, e de Josephine McAfee, uma das advogadas do jornal, Symonds cresceu no seio de uma família privilegiada, no sudoeste de Londres. Estudou no prestigiado colégio Godolphin and Latymer, antes de se formar em História de Arte e Estudos de Teatro na Universidade Warwick – algo que terá sem dúvida apelado a Johnson, um estudioso dos clássicos formado em Oxford. Foi na universidade, com 19 anos, que Symonds foi notícia pela primeira vez, após testemunhar contra o infame John Worboys, um violador em série, condenado em 2009 por violar 12 mulheres. Em entrevista ao The Telegraph, Symonds contou como apanhou o táxi de Worboys, após uma saída à noite, em King’s Road. O violador disse-lhe que tinha acabado de ganhar dinheiro no casino e ofereceu-lhe champanhe. «Senti-me em dívida para com ele porque me tinha dado um boleia barata para casa», afirmou. «Mas quando peguei no copo discretamente despejei-o no chão porque estava preocupada que tivesse drogas». Mas Worboys continuou a insistir que ela bebesse um shot de vodca com ele. «Parecia ser um homem triste, que não tinha ninguém que celebrasse com ele. Tive pena dele, não me sentia assustada». A jovem acabou por beber o copo que o taxista lhe ofereceu. «A partir daí não me consigo lembrar de mais nada». Quando finalmente chegou a casa, Symonds colapsou em frente da mãe, a vomitar e a rir incontrolavelmente, antes de ficar inconsciente. «Nunca vou saber o que realmente me aconteceu», lamentou.
Relações públicas
Após formar-se, Symonds fez estágios em várias empresas, nas mais diversas áreas, da gestão à contabilidade, até começar a trabalhar como relações públicas, em 2009. Foi em 2011 que Symonds conheceu Johnson, quando começou a trabalhar na sua campanha de reeleição como presidente da Câmara de Londres, #BackBoris2012. Após uma campanha bem sucedida, Symonds passou para o departamento de comunicação dos conservadores, onde assessorou Sajid Javid, na altura ministro do Interior, que agora será ministro das Finanças de Johnson. Em 2017 acabou por ser recompensada pelo seu trabalho nos bastidores do partido com o cargo de diretora de comunicação, com apenas 29 anos.
Escândalos
Symonds foi catapultada para os holofotes com a sua «festa de 30º aniversário regada a álcool», segundo descreveu o The Telegraph. Os tabloides ficaram em polvorosa com a presença de nomes com Johnson – com quem já se especulava que tivesse um caso -, o ministro do Ambiente, Michael Gove, ou Sajit Javid. O ponto alto da polémica aconteceu poucos meses depois, quando Johnson e a sua segunda mulher, Marina Wheeler, anunciaram o divórcio – pouco antes de Boris admitir a sua relação com a spin-doctor dos conservadores. Entretanto, após o escândalo, Symonds demitiu-se do seu cargo, indo trabalhar para a Bloomberg, como relações públicas do seu programa ambiental Vibrant Oceans. Mais recentemente, durante a campanha à liderança dos conservadores, a namorada de Johnson voltou a fazer manchetes, quando a polícia foi chamada a casa do casal, após os vizinhos a ouvirem a gritar: «Larga-me», enquanto se ouviam estrondos e partir de pratos, segundo contaram testemunhas ao The Guardian. Se em Downing Street ocorrerá o mesmo, só o tempo o dirá.