A ASAE apreendeu cinco toneladas de alheiras da Vifumeiro, uma empresa de Vinhais, que é propriedade da presidente da Câmara de Mirandela, Júlia Rodrigues, e familiares, avança o Jornal de Notícias.
De acordo com o mesmo jornal, em causa estarão os crimes de fraude sobre mercadoria e violação da IGP – Indicação Geográfica Protegida, uma vez que as alheiras são produzidas no concelho de Vinhais, mas vendidas com rótulos da marca Alheiras Amil, empresa com sede em Mirandela, que também pertence à autarca e à família. Desta forma, os seus produtos beneficiam da Indicação Geográfica Protegida, atribuída pela União Europeia, em 2016.
Segundo o Jornal de Notícias, a operação da ASAE decorreu no início desta semana, mas ainda não originou arguidos. No entanto, o jornal admite que tal poderá vir a acontecer e envolver a própria autarca.
Júlia Rodrigues é um dos quatro sócios da Vifumeiro e foi gerente da mesma até 2007. A presidente da Câmara de Mirandela é também sócia da empresa Alheiras AMIL em parceria com familiares.
Esta já não é a primeira vez que o nome da autarca é associado à ASAE. Em 2018, Júlia Rodrigues criticou a Autoridade depois de esta suspender a atividade das linhas de abate de bovinos e pequenos ruminantes do Matadouro Industrial do Cachão, propriedade das autarquias de Mirandela e Vila Flor, na sequencia de uma fiscalização. A autarca, que é presidente da Administração dessa unidade de abate, criticou a atuação da ASAE e considerou que esta havia suspendido a atividade sem nenhum parecer técnico de saúde alimentar ou veterinário.
Mais recentemente, em fevereiro deste ano, a autarca pediu a demissão do inspetor-geral da ASAE depois de considerar irresponsável e com consequências para a alheira de Mirandela a forma como foram comunicadas duas apreensões da ASAE na região, a uma semana da feira da alheira de Mirandela.
Em reposta ao Jornal de Notícias, sobre a atual situação, Júlia Rodrigues disse que ainda não tinha conhecimento do que se tinha passado e acrescentou que não tem qualquer intervenção na empresa desde que foi para deputada na Assembleia da República. Apesar de assumir que a empresa é familiar, a autarca defende que mantém uma quota insignificante da herança do seu pai, que morreu em 2009.