O ex-vice-Presidente dos EUA Joe Biden, favorito nas sondagens, foi o centro das atenções do debate democrata da última quarta-feira, onde estiveram outros nove candidatos. Tal como no debate da noite anterior (no qual participaram outros candidatos), o momento permitiu expor as diferenças em temas como a imigração e o racismo, que dominam hoje a política norte-americana.
Kamala Harris, Julián Castro e Corey Booker não deixaram Biden descansar por um minuto, obrigando o ex-vice-Presidente a defender o seu legado político. Harris, senadora da Califórnia, voltou a colocar em questão as amizades e alianças políticas de Joe Biden na década de 1970, quando apoiou medidas de congressistas que defendiam a segregação dos afro-americanos.
“Se esses segregacionistas vingassem, eu não seria membro do Senado dos EUA, o Cory Booker não seria membro do Senado dos EUA e Barack Obama nunca teria sido Presidente”, atacou a senadora da Califórnia.
Ao ser pressionado sobre o assunto, Biden foi obrigado a proteger-se, lembrando ter feito parte da administração Obama para atenuar as críticas. “Estamos a falar de coisas que ocorreram há muito, muito tempo”, alegou o antigo senador. “Toda a gente está a falar de quão mau eu sou nestes temas. Barack Obama sabia quem eu era”.
Afirmação que Booker, senador da Nova Jérsia, defendeu que servia para Biden se escapar às questões mais difíceis: “Você invoca o Presidente Obama mais do que ninguém nesta campanha. Não o pode fazer quando é conveniente e esquivar-se quando não é”.
Um dos temas que mais tem criado divisão no seio do partido tem sido a imigração, havendo candidatos que defendem a descriminalização dos migrantes que tentam passar a fronteira. Uma medida que tem a oposição de Biden: “Se cruzar a fronteira, [um migrante] tem de ser mandado de volta”. Sobre isso, Castro, antigo secretário de Estado da Habitação de Obama, respondeu: “[Parece] que alguns aprenderam com as lições do passado e outros não”.
Esta segunda etapa de debates foi a última hipótese para alguns concorrentes mostrarem as suas ideias. Para se qualificarem para a próxima ronda de debates, em setembro, terão que ter pelo menos 2% nas sondagens.
Uma das candidatas que se esforçou para conseguir alcançar esse resultado foi Tulsi Gabbard, congressista do Havai. Gabbard usou os 10 minutos que teve (enquanto os principais tiveram mais de 15 minutos) para questionar a herança de Harris como procuradora-geral da Califórnia, acusando-a de pôr “1500 pessoas na cadeia por posse de marijuana e depois rir-se quando questionada se alguma vez tinha fumado”.
Apesar de algumas desavenças sobre como reformar o sistema de saúde, as diferenças dos concorrentes sobre este tema concentraram-se mais em pormenores do que em diferenças ideológicas, ao contrário do debate do dia anterior.
Nas últimas sondagens da Real Clear Politics, conhecidas a 31 de julho, Biden segue na frente com uma larga distância dos restantes candidatos – tem 32% das intenções de voto. Atrás estão Bernie Sanders (16,4%), Elizabeth Warren (14,8) e Harris (11%).