“Quero ajudar a encontrar um consenso, por isso não irei participar no processo”. Foi assim que Mário Centeno anunciou que se retirava da primeira ronda da corrida à liderança do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Esta decisão surge no seguimento do impasse nas negociações para escolher o candidato europeu à liderança do fundo. O objetivo é tentar desbloquear um processo de votação onde existem vários candidatos e pode não se alcançar o consenso.
Mas Centeno está fora da corrida? De acordo com informações recolhidas pelo i, o ministro admite voltar a entrar nesta contenda, caso falhem as votações da primeira ronda e o seu nome possa vir a ser o mais consensual.
Após várias reuniões, os ministros das Finanças da União Europeia (UE) não conseguiram chegar a um consenso para escolher um candidato. Fonte oficial do Conselho para as Questões Económicas e Financeiras da União Europeia (Ecofin) confirmou ao i que as negociações informais entre os responsáveis continuavam.
O ministro das Finanças francês Bruno Le Maire está a coordenar o processo. Le Maire esteve ontem ao telefone com todos os ministros dos 28 Estados-membros para tentar chegar a uma conclusão quanto ao nome a apresentar. Os ministros terão concordado em iniciar uma ronda de votações para tentarem chegar a um consenso, um processo que arranca esta sexta-feira.
"Devemos esforçar-nos por um interesse comum. Quero ajudar a encontrar um consenso, por isso não irei participar no processo (a votação desta sexta-feira). Continuo disponível para trabalhar numa solução que seja aceitável para todos”, escreveu Centeno na sua conta oficial no Twitter.
Agora, a lista principal é composta por quatro nomes: a búlgara e número dois do Banco Mundial Kristalina Georgieva; o holandês e ex-presidente do Eurogrupo Jeroen Dijsselbloem; o ex-comissário europeu finlandês Olli Rehn; e a atual ministra das Finanças espanhola, Nadia Calviño.
Se Georgieva for a escolhida, os estatutos do FMI terão de ser alterados, já que a búlgara ultrapassa a idade máxima legal para ser eleita diretora-geral. Dijsselbloem tem o apoio dos países do Benelux, mas enfrenta alguma resistência por parte da Europa do sul, depois de ter dito que os naturais da região gastavam o dinheiro “em copos e mulheres”. Já Olli Rehn, que é agora governador do Banco da Finlândia, tem o apoio dos países da Europa central e de leste. É um dos nomes que geram mais consenso. A pouca experiência de Nadia Calviño poderá ser o seu calcanhar de Aquiles, mas manter uma mulher à frente do FMI pode ser uma ideia que agrade aos responsáveis europeus.
Mais candidatos Outros nomes podem ser adicionados a esta lista. Bruno Le Maire deu ontem ao Reino Unido a possibilidade de apresentar, até ao final do dia, um candidato. O nome do governador do Banco de Inglaterra, Mark Carney, começou por estar na lista dos possíveis candidatos, mas já não figurava no documento divulgado na semana passada pelo Ministério da Economia e das Finanças francês.
Agora, com a saída de Theresa May e a eleição de Boris Johnson, Le Maire decidiu dar uma nova oportunidade aos britânicos.O resultado das votações que se realizam hoje diz respeito apenas ao candidato europeu à liderança do FMI – o fundo deu até dia 6 de setembro para que possam ser apresentadas todas as candidaturas. A escolha do diretor-geral tem de ser feita até dia 4 de outubro. A manter-se o acordo de cavalheiros estabelecido com os Estados Unidos da América, o FMI deverá ser liderado por um europeu, ficando o Banco Mundial a cargo de um norte-americano.