A partir de janeiro, a base aérea da Ryanair em Faro estará encerrada. A decisão foi comunicada pela companhia aérea na passada terça-feira, no mesmo dia em que eram discutidos os serviços mínimos para a greve dos tripulantes desta transportadora, que se realiza entre os dias 21 e 25 de agosto.
«Fomos convocados para uma reunião com menos de 24 horas de antecedência e ficámos a saber que a base da Ryanair em Faro vai fechar. As decisões finais serão tomadas até ao final de agosto e outras bases deverão fechar. Nesta reunião foi dito que a decisão relativa a Faro era definitiva», disse ao jornal i um funcionário da companhia, que esteve presente na reunião.
«Anunciaram que vai haver despedimentos. Vão tentar recolocar a maior parte das pessoas – temos de agora dar opções de bases para onde queremos ir -, mas são expectáveis despedimentos», acrescentou. Em causa estão cerca de 100 postos de trabalho, confirmou o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC).
Fonte da companhia aérea explicou ao mesmo jornal que, naquela reunião, foi dado o argumento da rentabilidade, uma justificação que não convence os trabalhadores: «Os voos estão sempre cheios. O problema é que os lucros vão ser revistos em baixa, mas, mesmo assim, deverão conseguir lucros de 900 milhões de euros este ano».
Recorde-se que Michael O’Leary, CEO da Ryanair, já tinha anunciado no início do mês que, ao todo, a companhia tenciona despedir 500 pilotos e 400 tripulantes de cabine. A quebra de 21% nos lucros do primeiro trimestre e o Brexit justificavam o corte de pessoal.
Citada pelo jornal i, a Ryanair revelou que, a 16 de julho, tinha alertado os investidores sobre o atraso das entregas do Boeing 737 MAX, o que obrigou a rever os voos e a rever em baixa o ritmo de crescimento de 7% para 3%. «Iniciámos uma série de discussões com nossos aeroportos para determinar quais as bases com baixo desempenho que devem sofrer esses cortes e/ou encerramentos de curto prazo a partir de novembro de 2019. Também estamos a ouvir os nossos funcionários e sindicatos no planeamento e implementação desses cortes, assim como no encerramento de bases que são provocados diretamente pelos atrasos na entrega do B737 MAX ao programa B737 MAX», explica a companhia.
Luciana Passo, do SNPVAC, disse ao SOL que, segundo o que foi transmitido naquela reunião, «as rotas não serão afetadas».
«Temos agora de perceber o que a companhia aérea tenciona fazer com estas cerca de 100 pessoas afetadas pelo encerramento da base», continuou. Fonte oficial do Ministério da Economia disse à agência Lusa que o Governo «está a acompanhar a situação e pediu informações às entidades envolvidas, não tendo, neste momento, qualquer indicação quanto a redução de voos ou de capacidade aérea para o Algarve». E o caso já está a alastrar para o país vizinho: na quarta-feira, os sindicatos espanhóis revelaram que a Ryanair vai fechar as bases que tem em Gran Canaria e Tenerife.
Tripulantes em greve
Os tripulantes da Ryanair vão estar em greve entre os dias 21 e 25 de agosto. O SNPVAC explicou que a companhia irlandesa «continua a incumprir com as regras impostas pela legislação Portuguesa, nomeadamente no que respeita ao pagamento dos subsídios de férias e de Natal, ao número de dias de férias e à integração no quadro de pessoal dos Tripulantes de Cabine contratados através das agências Crewlink e Workforce».
O sindicato diz ainda, em comunicado, que a Ryanair «recusa a considerar o total do período de tempo de serviço prestado através dos contratos de trabalho celebrados com as agências Crewlink e Workforce, tentando impor um novo vínculo contratual precário, em vez de uma transição para o quadro de efetivos da Ryanair, tal como impõe a lei portuguesa».
O sindicato já avisou que a esta greve poderão somar-se outras.