Os sensores dos Serviços Meteorológicos da Rússia terem registado níveis de radiação entre quatro a 16 vezes superiores ao normal na cidade de Severodvinsk, perto do Ártico. A cidade, com mais de 180 mil habitantes, fica a cerca 30 quilómetros da base de testes de Nyonoksa, onde uma explosão matou cinco cientistas da Rosatom, a agência nuclear russa, na passada quinta-feira. Várias outras pessoas foram hospitalizadas com queimaduras, e as autoridade acabariam por confirmar que o incidente ocorreu durante os teste de novas armas.
A Rosatom admitiu que os seus funcionários estavam no local para dar apoio aos testes de uma “fonte energética à base de isótopos” para mísseis – o que tem sido lido como jargão científico para mísseis de propulsão nuclear. As armas estariam destinadas para a marinha russa. A força da explosão terá projetado os cientistas das suas plataforma de observação para o oceano. A agência TASS noticiou que médicos que trataram as vítimas do terão sido eles próprios enviados para Moscovo, receberem exames médicos – algo que aponta para um acidente nuclear.
Logo na quinta-feira, as autoridades locais de Severodvinsk divulgaram informações sobre os picos de radiação e os seus riscos. A informação acabou por ser apagada do site – e trocada por um comunicado onde se lia que os níveis de radiação estavam normais. Os habitantes da aldeia de Nyonoksa, mesmo ao lado da base, receberam uma ordem de evacuação, que afirmava como motivo as “atividades planeadas das autoridades militares”, num comunicado citado pela France24.
A especulação sobre o que estaria a ser testado na base militar. O Presidente russo, Vladimir Putin, tem-se gabado da capacidade nuclear do seu país, particularmente em relação aos novos mísseis 9M730 Burevestnik. Questionado se o incidente teria sido com este modelo de míssil, o porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, recusou-se a responder, mas salientou que, no que toca a mísseis de propulsão nuclear, a capacidade russa “é única” e “ultrapassa significativamente o nível alcançado por outros países”.