Bombeiros lamentam ausência de políticas de proteção civil

A Associação Nacional de Bombeiros Profissionais e o Sindicato Nacional de Bombeiros Profissionais lamentaram esta terça-feira “a ausência de políticas de proteção civil” em todos os programas das forças polícias que concorrem às eleições legislativas de outubro.

Por isso, vão “solicitar a todos os partidos políticos que estão na corrida eleitoral que se pronunciem em relação às propostas para o setor de forma clara e concisa, para que todos saibamos no que estamos a votar”.

Reunidos em Conselho Geral para analisar as propostas para o sector dos bombeiros e proteção civil dos programas eleitorais dos partidos políticos que vão a eleições em 6 de outubro, “foi com grande consternação que verificámos que nenhum dos programas prevê propostas concretas para o sector, limitando-se a apresentar medidas vagas, avulso, abstratas, utilizando expressões ‘cliché’ tantas vezes usadas nos debates parlamentares na Assembleia da República”, situação que preocupa aquelas duas estruturas representativas.

“Os bombeiros e demais agentes da proteção civil esperavam mais, assim como os demais portugueses”, segundo ambas as instituições, destacando que tal situação é preocupante “sobretudo depois de termos vivido os trágicos acontecimentos de 2017 em que a inércia e a falta de planeamento, a falta de medidas políticas assertivas e vigorosas, terão estado na origem da cascata de acontecimentos que culminaram na morte de mais de uma centena de pessoas”.

“Parece que voltámos ao mesmo, apagadas as luzes do Parlamento e cessada a troca de palavras acesas no hemiciclo, os partidos políticos limitam-se a redigir nas suas sedes, políticas gastas para a proteção civil, feitas à pressa, sem sentido”, acrescentam aquelas associação e sindicato dos bombeiros profissionais.

“Não há ideais novas, não há políticas definidas, estamos na mesma”, referem ainda num comunicado, segundo o qual “pensando nos discursos que temos ouvido nos últimos meses que se apresentam como discursos de típica pré-campanha eleitoral, deparamo-nos sempre com as mesmas linhas, aquelas que normalmente dão votos, como a educação, a solidariedade social, o trabalho e, claro, o ponto fraco de qualquer eleitor, a saúde”.

“Não contestamos a importância destas linhas e da importância destes sectores também tão carenciados de novas medidas, mas estamos em crer que a nossa realidade mudou e que as exigências dos portugueses passaram a contemplar a sua segurança”, salienta-se no mesmo comunicado.

“O que relembramos aos partidos políticos é que esta matriz ia funcionando antes de haver um 2017, antes de vermos morrer pessoas por falha do Estado, antes dos portugueses ‘abrirem os olhos’ para o facto de o Estado ser incapaz de tomar conta da sua segurança, e consequentemente, da sua vida”, destacam os bombeiros, “profissionais e voluntários, perfazendo milhares, que em 6 de outubro vão votar”, sendo que “a eles vão juntar-se os restantes dez milhões de portugueses que ainda se lembram de 2017”.