O nono filme de Quentin Tarantino, Era Uma Vez… em Hollywood, estreou a semana passada e já deu que falar… tanto pelos bons como pelos maus motivos. Shannon Lee, a filha do ator Bruce Lee veio a público criticar a forma como o realizador decidiu retratar o seu pai.
"Senti-me desconfortável sentada no cinema a ouvir as pessoas a rirem do meu pai", confessou numa entrevista á revista norte-americana Variety. Na sua visão, Tarantino fez o seu pai "parecer um idiota arrogante e cheio de exibicionismos e não alguém que teve que batalhar três vezes mais duro do que qualquer uma daquelas pessoas, para conseguir o que para alguns veio naturalmente".
Tarantino declarou sentir-se seguro com a imagem que transmitiu de Lee. O realizador, além de ter conhecido o ator, leu várias biografias sobre este para garantir que passava a imagem certa de Lee. "Bruce Lee era um bocado arrogante. O modo como falava… Eu não inventei, ouvi-o a falar coisas dessas. As pessos dizem-me ‘ele nunca disse que podia derrotar o Muhammad Ali’ e sim, ele disse. Não só ele disse isso, a sua mulher disse isso. A primeira biografia dele que li foi Bruce Lee: The Man Only I Knew, de Linda Lee, e ela absolutamente disse isso", explicou Tarantino.
Depois da defesa de Tarantino, Shannon voltou a atacar o realizador e mandou-o "calar a boca". "Ele podia pedir desculpa, ou podia dizer ‘eu não sei como era o Bruce Lee. Só escrevi para o meu filme. Mas isso não deveria ser considerado como ele era de verdade.’"
Também o ex-basquetebolista da NBA, Kareem Abdul-Jabbar, amigo de longa data de Bruce, escreveu um artigo na revista norte-americana Hollywood onde apoiou os argumentos de Shannon e acusa Tarantino de ser um "fracasso tanto como artista como ser humano" pela forma como escolheu retratar Lee: de um jeito "desleixado" e "um pouco racista".
Kareem diz ainda que Bruce sempre se sentiu triste pela forma como os asiáticos eram retratados no ecrã. "Durante os nossos anos de amizade, Bruce falou apaixonadamente sobre como estava frustrado com a representação estereotipada dos asiáticos no cinema e na TV. Os únicos papéis eram para os vilões ou para os empregados que faziam reverências", explicou o atleta.