A Amazónia está a arder há mais de 16 dias e os incêndios atingiram números recorde: o estado do Amazonas decretou emergência no Sul e na capital de Manaus na medida em que o impacto da desflorestação ilegal e das queimadas é extremamente negativo. À revista VICE, o cientista Mark Parrington explicou que “os incêndios na Amazónia libertam, em média, de 500 a 600 toneladas de dióxido de carbono durante um ano típico” sendo que, durante este ano, já foram libertadas 200 toneladas. Sublinhe-se também que a imprensa brasileira referiu, com base no “Programa de Queimadas” do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que o conjunto de ecossistemas mais afetado é o da Amazónia sendo que o mais afetado, de seguida, é o cerrado – ecossistema que cobre um quarto do território brasileiro.
No entanto, Jair Bolsonaro, Presidente do país, afirmou que há “indício fortíssimo de que ONGs [organizações não governamentais] estão por trás das queimadas” na medida em que já foram consumidos 20 mil hectares de vegetação, desapareceram três milhos de espécies e afetados um milhão de indígenas. "Pode, pode ser fazendeiro, pode. Todo mundo é suspeito, mas a maior suspeita vem de ONGs” afirmou, citado pelo Estadão, o chefe de Estado brasileiro. O motivo desta alegada ação criminosa? Para Bolsonaro, as ONGs “perderam dinheiro”, “estão desempregadas” e teriam interesse em levar a cabo uma campanha contra o governo.
"Não se tem prova disso, meu Deus do céu. Ninguém escreve isso, vou queimar lá, não existe isso. Se você não pegar em flagrante quem está queimando e buscar quem mandou fazer isso, que isso tá acontecendo, é um crime que está acontecendo” adiantou Bolsonaro que também criticou a imprensa, dizendo que as suas declarações acerca das ONGs têm sido manipuladas de forma “inacreditável” pelos órgãos de informação. "O Brasil vai chegar à situação da Venezuela, é isso o que a grande imprensa quer", declarou, acrescentando que "se o mundo lá fora começar a impor barreiras comerciais, nosso agronegócio vai começar a dar para trás, a vida de você (jornalistas) vai estar complicada como a de todos."
Porém, Marcio Astrini, coordenador de políticas públicas da Greenpeace, avançou ao jornal anteriormente mencionado que “a declaração é, antes de tudo, covarde, feita por um presidente que não assume seus atos e tenta culpar terceiros pelos desastres ambientais que ele mesmo promove no País”, esclarecendo ainda que “a Amazónia está agonizando e Bolsonaro é responsável por cada centímetro de floresta que está sendo desmatada e incendiada.”